sábado, 27 de dezembro de 2008

Natal em Almada

Adoro o Natal…mantendo a tradição, passei-o em Almada com a família materna. Os primos Colaço são muito animados e divertidos quando estão juntos e estes momentos são, por norma, alegres e memoráveis. O que mais me entristece é que, provavelmente, para o ano já não será assim, uma vez que dois deles irão abandonar o grupo para se juntarem à família das respectivas namoradas. Não quero pensar nisso, por agora. Sei que o Natal, tal como nós passamos, é exactamente como eu o imagino e idealizo. Por isso, só desejo que esta magia e este encanto não desapareceram.
Após o Natal, combinei uma saída com o Jorge. O Jorge, mais do que meu amigo, é amigo da família. Conheci-o ainda na escola secundária num torneio de voleibol e apesar de ultimamente, sobretudo devido às minhas ausências profissionais, os nossos encontros serem mais esporádicos, quando nos encontramos há sempre assunto para conversarmos. São oportunidades de passar um tempo interessante e divertido.
Fomos dar uma volta por Almada à noite, como fizemos tantas vezes durante muitos anos. Fomos ao bar Murana onde um dos gerentes foi meu colega da escola secundária. Aliás…foi uma das minhas grandes paixões da adolescência, confesso que ainda sinto um arrepio quando ele me chama Aninha. Mas, actualmente, essa situação não deixa ser apenas uma recordação dos tempos de escola e apenas isso. É como se por instantes entrasse na máquina de tempo e regressasse aos 15 anos quando as minhas grandes preocupações eram se “Ele” iria se interessar por mim tal como eu estava por ele.
Esta viagem ao passado, começou logo à entrada do bar quando encontrei o João… (o João é hoje uma figura pública com muito sucesso no panorama musical português)e também foi da minha turma no 11º ano, e se eu não parecia uma menina de 14 ou 15 anos naquele momento, pouco faltou. Não sabia o que dizer…fiquei envergonhada e só balbuciei banalidades. Apesar da vergonha que senti por ter voltado uma teenager tímida e pouco interessante … foi uma noite divertida, adorei estar com os meus colegas da escola e, principalmente, foi aliciante entrar na máquina do tempo até aos 16 anos… Deleito-me ao recordar o meu passado e o que fui mas também não sou saudosista…gosto de viver cada etapa da vida intensamente deliciando-me com cada instante!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Continuação das novidades

Quando fui a Almada recebi uma notícia pesarosa, o pai da minha amiga de infância, a Rita, faleceu no dia 28 de Novembro após 3 anos de luta contra um cancro nos pulmões. Entristeceu-me a angústia e a dor nos olhos e no coração da Rita. Entristeceu-me e senti-me impotente por não a poder confortar e aliviar o seu sofrimento. O local, o acontecimento, o sofrimento trouxeram-me recordações dolorosas e penosas...relacionadas com o falecimento do meu pai.
Como já havia combinado estar com a Paula e com a Telma, no domingo, dirigi-me, ainda sorumbática, para a casa da Paula onde me esperava um lanche muito requintado e bem guarnecido. Foram bons momentos que passaram como num ápice como sempre acontece com situações agradáveis. A forma como o tempo passou rapidamente foi tão inexplicável que vesti o casaco para ir embora às 19h e acabei por ficar na conversa até perto da meia-noite.
Mais um encontro para recordar…

domingo, 7 de dezembro de 2008

Algumas novidades

Após uns dias de interregno de ligação à internet devido a uma falha da empresa fornecedora, consegui voltar ao meu diário e tenho tanto para dizer que nem sei por onde começar… Dia 14 de Novembro terminei a minha pós-graduação em Educação Especial, com a defesa do meu projecto final. Tal como eu previa, os nervos e a ansiedade não me abandonaram prejudicando enormemente aquele momento. Em todo o caso, a nota final que foi atribuída ficou bem acima das minhas melhores expectativas, o que significa que me deixou bastante agradada. Este dia foi muito especial para mim, por outros motivos. Dividi o momento da apresentação com aquela que me inspirou ao longo de todo curso, pelos seus conhecimentos, pelo seu pragmatismo, pela sua capacidade de trabalho, principalmente pela sua personalidade e amizade. Foi uma honra defender o meu projecto com a Telma, a Deusa da Educação Especial (epíteto que criei). Connosco a apoiar-nos esteve a Paula e a sua presença comoveu-me. Foram momentos muito emocionantes para mim e que consolidaram a consideração e a amizade que sinto pela Paula e pela Telma. Por tudo de bom e de mau que vivi, o dia 14 de Novembro será inesquecível.
Durante pouco mais de um mês tive a companhia, no norte do país, do meu amparo, a minha mãe. Esta pessoa maravilhosa, que me inspira todos os dias, ajudou-me não só no trabalho mas também como apoio e suporte nos momentos de maior desânimo. Regressou no fim-de-semana transacto a Almada. Estou novamente sozinha, o que não é de todo negativo, visto que aprecio estar só e desfrutar de momentos de tranquilidade e sossego. No fim-de-semana que levei a minha mãe, regressei a Almada e as saudades apossaram-se de mim, a viagem de regresso a Marrancos foi feita com muito desânimo e desalento. Quando cheguei a casa de pedra imaginada pelo meu pai num dia muito frio, o desconforto não terminou, o aquecimento central teimava em não reatar, por possível gelo nos canos, as dificuldades em adormecer foram muitas por não conseguir aquecer o corpo. Foi um regresso cheio de adversidades. As adversidades foram rapidamente esquecidas quando voltei ao meu trabalho e às minhas rotinas.

sábado, 22 de novembro de 2008

O lugar 131º

As últimas semanas foram um pouco atribuladas e mantiveram-me longe do diário cibernáutico. Quando tiver uma oportunidade vou elencando no blogue os recentes acontecimentos da minha vida.
Hoje vou falar dos alunos do 9º ano da escola de Vale Milhaços, numa época tão turbulenta e conflituosa nas escolas, provavelmente é importante desmistificar algumas ideias e preconceitos. Desde que conheci os meus alunos da escola de Vale de Milhaços, percebi que eram interessados, empenhados, cultos. Recebi o epíteto de deslumbrada por fazer tantos elogios a estes discentes. Ter alunos assim era extremamente motivador para mim, construía os materiais pedagógicos, preparava as aulas a partir deste perfil de alunos. Estudava mais sobre os assuntos, pois sabia que teria muitas questões a responder. Fazia pesquisas em conjunto com os alunos para sabermos mais, trocávamos ideias, por vezes, até de forma aguerrida. Aprendi muito com os alunos, provavelmente também eles aprenderam algo comigo. Foi um ano maravilhoso para exercer a arte de docência. Não sou apologista da elaboração de um ranking de escolas, a partir dos resultados dos exames nacionais. Este não enquadra o contexto social e ambiental de cada escola, para além dos resultados dos exames nacionais serem, por vezes, aleatórios. Quero com isto dizer que há crianças que revelam mais o seu nervosismo do que os seus conhecimentos, são os primeiros exames realizados pelos alunos e que traduzem pouco das suas competências. Depois deste intróito, confesso que resolvi dar uma vista de olhos ao ranking das escolas…por pura curiosidade. E em que lugar encontrei a escola de Vale Milhaços? No exame de Matemática em 131º e em Língua Portuguesa em 171º. Poderão dizer que não são lugares de destaque. Para mim seriam sempre, porque estive lá e sei que os alunos se esforçaram e deram o seu melhor. Mas se contextualizarmos o ranking, percebemos o alcance do resultado. São mais de 1200 escolas, incluindo públicas e privadas. Sendo os primeiros lugares da lista maioritariamente ocupados pelos colégios e externatos que possuem condições muito diferentes das escolas públicas. No ranking das escolas públicas, provavelmente, esta escola ficou entre as 50 melhores do país. Por essa razão felicito todos os alunos. Mas convém não esquecer todo o trabalho efectuado pelas professoras das duas disciplinas examinadas que se entregaram de alma e coração à preparação dos alunos. O empenho e interesse das duas partes (alunos e professores) convertem-se, por norma, em excelentes resultados.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Desabafo...

Por vezes sinto necessidade de desabafar mas nem sei como dizer nem a quem dizer...
A minha forma de manter o equilíbrio mental, é poder introduzir ocupações para o meu dia-a-dia, trazendo as rotinas que aparentemente proporcionam alguma normalidade à minha vida. Foi o que fiz aquando da doença do meu pai e consequente falecimento assim como no dia 15 de Maio após o diagnóstico do tumor maligno.
Porém, após algum tempo tenho necessidade de reflectir e desabafar sobre o tema.
É estranho...as pessoas procuram não falar no assunto para não me incomodar e como verificam que existe toda a normalidade na minha vida, consideram que o problema foi ultrapassado.
Mas não...considero que a minha vida não mudou, em termos pessoais ou profissionais.
O que o tumor maligno acrescentou à minha vida foram mesmo os medos...o receio de estar novamente doente...Qualquer alteração no meu organismo ou na minha saúde, que anteriormente seria encarada com toda a normalidade, hoje é uma fonte de receios e preocupações...Nós só encaramos a realidade quando somos atingidos por ela... Os últimos meses tornaram-se diferentes porque a perspectiva da minha vida orientou-se para a inquietação de uma possível doença.
Após a excisão e respectiva euforia pensei que o pior já tinha passado...porém o tumor não foi completamente retirado da minha mente ou da minha vida.

sábado, 18 de outubro de 2008

Acerca de mim...

Pelo que vou escrevendo e revelando as pessoas podem ir desvendando a pessoa que se encontra atrás destas linhas.
Em todo o caso, penso que será interessante partilhar a visão que construí sobre a minha pessoa.
Em pequena fui muito mimada e amada por ser a primeira menina na família da minha mãe e a mais nova na família do meu pai. O ambiente em que cresci foi sempre de muito amor e com a nítida certeza, de que para a minha família, eu e o meu irmão éramos o centro do universo. O facto de ter tido graves problemas de saúde, enquanto pequena, fortificou a cobertura protectora. Com 5 anos saí de casa para a escola, conheci um mundo novo e foi no convívio com os outros que comecei a conhecer-me.
Sempre fui muito tímida, nunca conseguindo iniciar uma conversa ou convidar alguém para brincar. Para além da timidez, era uma criança de aspecto banal que não atraía colegas nem professores. Tentei conquistar os outros respondendo sempre às solicitações e estando atenta aos seus problemas para tentar dar-lhes resposta. Esta foi a estratégia de uma criança de 6,7 anos para conquistar os amigos. Na escola tentava estar atenta e cumprir com as tarefas pedidas, dando assim uma imagem mais positiva aos professores da minha pessoa. Sempre gostei muito de ler e recebia muito estimulo em casa para tal, o que foi um factor positivo para a escola. Não gostava e não gosto de ler em voz alta mas os conhecimentos que adquiria, assim como o despertar da imaginação e da criatividade, que a leitura permitia, levava a que desempenhasse algumas tarefas escolares com mais facilidade.
Esta estratégia persiste, actualmente, apesar de nem sempre resultar, como é óbvio. Com os amigos sou naturalmente calada mas bem disposta, continuo observadora e sempre solícita quando vejo que há alguém que necessita de uma amiga.
Nos estudos ou trabalho permanece a minha concentração e o esforço para tentar compreender o que me é explicado ou o que eu devo saber para desempenhar a minha função. Continuo cumpridora e aplicada.
Passados alguns bons anos confesso que a estratégia delineada apenas com 5 ou 6 anos terá sido a que melhor se adapta, ainda à minha vida. E reflectindo mais profundamente, hoje não mudaria nada do que fiz. Temos que ser ambiciosos o quanto basta e ter a noção de até onde podemos ir e eu sei que dificilmente conseguiria melhor do que fiz e do que sou actualmente.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A calma voltou

Estou no final de mais uma semana...esta definitivamente mais calma. O trabalho adensa-se, começo a conhecer melhor os meus adultos/formandos/alunos e vou ganhando a motivação necessária para desenvolver a minha função. O trabalho é completamente diferente do que habitualmente costumo executar, temáticas abordadas, materiais a construir, relação a estabelecer com os alunos. Não deixa de ser aliciante, até porque eu adoro aprender e inovar, mas não significa que não sinta falta daquilo que adoro fazer.
E por falar em sentir falta...sinto falta do sol (ontem esteve o dia todo a chover), do rio e do mar!
Mas como já referi, viver em Marrancos e trabalhar em Braga também tem as suas vantagens, como a paisagem verdejante, ou o ar puro, ou mesmo a beleza patrimonial da cidade de Braga e a simpatia e a forma acolhedora como nos recebem.
Desejo que as estações do ano também auxiliem a minha integração e o Inverno não seja muito rigoroso, sem muita chuva e dias tristonhos.

domingo, 12 de outubro de 2008

Semana difícil

Foi uma semana difícil.
Mas felizmente já foi ultrapassada...Podia ser definida por projecto final versus velocidade de sedimentação. Estranho? Bastante! Começo pela velocidade de sedimentação. Após o susto do tumor maligno, consultei o meu médico de família para realizar a habitual revisão anual. Gosto muito de conversar com o Dr. Parreira. As análises sanguíneas revelaram um nível muito alto da velocidade de sedimentação. Consciencioso, o Dr. Parreira pediu-me para realizar uma radiografia ao torax que não veio a revelar nenhuma anomalia. De seguida, solicitou que realizasse novamente análises ao sangue mas apenas à velocidade de sedimentação, pedindo-me para lhe transmitir o resultado. Na passada 2ª feira, fui buscar os resultados e o valor continuava acima do normal, o que me assustou. Fiquei ainda mais atemorizada quando fiz uma pequena busca na internet e verifiquei que estes valores da velocidade de sedimentação anormalmente elevados poderiam ser indícios de uma anemia ou leucemia. Foi uma noite sem dormir...Sou preocupada mas não me considero hipocondríaca, porém após o basalioma de Maio transacto, mais facilmente emergem ideias negativas e inquietantes. E por mais que eu tente afastar estes pensamentos, a cicatriz que tenho na face, comprova a força da sua existência.
Mas como eu disse tudo se resolveu...logo na 3ª feira a minha "valida" insubstituível, a minha mãe falou com o médico que nos sossegou, dizendo que não havia nada de preocupante na situação. Na 6ª feira, aproveitando a minha ida a Almada, dirigi-me ao consultório do Dr.Parreira que me esclareceu que a anormalidade dos valores da velocidade de sedimentação se devia, provavelmente, a uma infecção dentária que estaria neste momento em regressão. E fez-se luz no meu espírito, efectivamente, na altura em que realizei as análises, por vezes tinha sensibilidade nas gengivas...Ufa, mais um susto mas que felizmente já passou.
Simultaneamente, na mesma 2ª feira, recebi um email do professor que está orientar o meu projecto final da pós-graduação, com as últimas correcções e sugestões. Uma vez que iria a Almada no fim-de-semana, seria uma boa oportunidade para o entregar. Assim durante a semana, após o regresso tardio da escola procurei acabar o trabalho, o que veio acontecer apesar das poucas horas de sono. Embora com alguns percalços, o projecto final está entregue. Fico agradecida à Telma que mais uma vez se mostrou uma grande amiga e à Paula que me acompanhou no processo de impressão, cópias e encadernação. Brevemente será o "desastre" da sua defesa em público.

sábado, 4 de outubro de 2008

Há dias assim...

Há dias assim...na quinta-feira acordei com saudades. Recordei o 8ºB da escola Prof. Ruy Luís Gomes, resolvi usar a pulseira que me ofereceram na nossa última aula...Já estão no 10º ano, devem estar altos, lindos e simpáticos como sempre. Quando verifiquei o meu email, tinha uma mensagem da Ana Sofia, querida colega de Vale de Milhaços. As lágrimas irromperam nos meus olhos...Trocámos notícias dos seus meninos (era directora de turma do 9ºC).
Esta mudança de escola e alunos envolve sempre um grande turbilhão de emoções, a tristeza de partir e deixar colegas e alunos e a ansiedade de um novo lugar de trabalho, com novos alunos e a procura de que tudo corra bem.
Foi um dia triste.
Ontem recuperei forças...estava um dia de sol mas frio...respirei o ar puro e senti-me novamente pronta para enfrentar as dificuldades.
Última palavra vai para todos os meus antigos alunos, quando menciono alguma turma ou aluno em especial, não significa que não me recorde dos outros...Todos deixaram uma marca na minha vida e estarão sempre comigo...mesmo aqueles que me fizeram muitas dores cabeça! E não vou fazer nomeações...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

De Marrancos...

Encontro-me novamente a viver na freguesia de Marrancos que pertence ao concelho de Vila Verde. Situa-se na estrada que liga a cidade dos arcebispos à bonita vila de Ponte de Lima. Aconselho a um passeio por esta típica vila minhota, é extremamente interessante do ponto de vista paisagistico e do património. Voltando a Marrancos, comecei a instalar-me e já sinto o aconchego de estar em casa. Acordar com o canto dos pássaros, poder ir correr e respirar ar puro, beber água fresca que brota directamente da fonte.
A escola onde fiquei colocada localiza-se numa freguesia da cidade de Braga onde as pessoas são trabalhadoras e simpáticas, sinto-me bem enquadrada e segura. Este ano vou leccionar os cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) e no RVC (Reconhecimento e Validação de Competências). Significa que durante este ano lectivo não darei aulas a jovens mas facilitarei a aprendizagem de adultos. É um novo desafio. Mas na minha vida tenho aceite diversos desafios e neste momento estou suficiente aliciada para começar com este novo projecto.
Durante o ano lectivo transacto tive uma curta experiência de ensino a adultos que, segundo a minha perspectiva, decorreu com normalidade, apesar de não ter sido nestes moldes ou padrões. Esperemos para ver como decorre este ano lectivo.

sábado, 13 de setembro de 2008

Colocada

O meu coração divide-se entre a alegria de ter sido colocada com um horário completo (viva) e a tristeza de deixar Almada neste fim-de-semana. O horário é em Braga. Irei viver para Marrancos, onde houveram pessoas que já demonstraram a sua alegria pelo meu regresso, interrogo-me se os foguetes já foram lançados (estou a brincar). Mas neste momento, partir sem a minha mãe, deixar os familiares, amigos...os novos amigos da pós-graduação, e abandonar a cidade, as minhas origens, a minha vida, está abalar-me mais do que devia. Sei que os primeiros dias serão complicados, mas também sei que vou ultrapassar e que vai correr tudo bem. E para o ano quem sabe?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Angústia...

Dia após dia, aguardo os resultados da próxima colocação. Os meus olhos estão cansados de tanto olhar para o ecrã na busca da resposta...e que grande será o choque e a dor se as palavras "não colocada" surgirem associadas ao meu nome, novamente.
Confesso que não consigo controlar a minha angústia e o meu desespero...não devia ser assim eu sei...porém não consigo estar mais de 15 minutos longe do site do Ministério da Educação onde serão publicadas as novas listas. O problema agravou-se com o facto de não ter sido estipulada uma data para essa publicação e quem espera e só pensa no assunto, constrói suposições, possibilidades, ouve opiniões, enfim fica ainda com mais dúvidas. A minha aposta era entre o dia 9 e o dia 10 deste mês. O que não veio acontecer e continuo à espera... e por falar nisso vou dar mais uma vista de olhos ao bendito site acima citado... Não há novidades!
Hoje, pelas 21 horas, alegadamente, foram publicadas umas listas que foram retiradas rapidamente. Eu não tive acesso a elas mas a confusão aumentou...pois já havia algum sinal...Estaria para breve a colocação das listas correctas? Parece que não.
A minha cabeça pesa...o meu coração bate aceleradamente e nem sei como vou dormir....

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

"Não colocada"

Mais uma vez recebi a terrível mensagem...a candidata não foi colocada. O choque inicial foi superado pelas lágrimas e as pernas perderam a força natural e ruíram, assim como toda a minha esperança. Apenas questões me assolam nestes momentos, quando é que eu deixo de viver estes momentos? Para quando a minha estabilidade profissional? Os dias que antecederam a data da publicação das listas de colocações foram difíceis de ultrapassar, as insónias tomaram conta das minhas noites, as dores de cabeça e a perda de apetite acompanharam-me diariamente...o relógio foi lento a dar as horas, os dias tornaram-se num tormento e as noites assustadoras.
O dia chegou e a mensagem que ninguém quer ler chegou ao meu ecrã do meu computador. O argumento é o mesmo do ano passado, o Ministério da Educação procura uma melhor gestão dos recursos humanos, mas para tal coloca 40000 docentes no desemprego. A mim, o Ministério da Educação oferece-me uma enorme angústia seguida de dúvidas quanto ao investimento profissional que tenho feito nos últimos 11 anos. Será que compensa todo este sofrimento?
Aguardo as novas colocações envolta em ansiedade e já em algum desespero.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Convite para um passeio no "Jardim da Esperança"

Convido para um passeio pelo "Jardim da Esperança" de Diane Ackerman. É um livro que, baseado em diversas fontes da época, retrata de forma intensa a ocupação nazi da Polónia, nomeadamente da capital Varsóvia. Esta ocupação é relatada através dos olhos de um casal (recorrendo nomeadamente as informações fornecidas pelo diário da protagonista) que era tratador do Jardim Zoológico de Varsóvia. É curioso verificar que a ideologia nazi procurava aplicar o princípio da eugenia (apuramento da raça) não só aos seres humanos mas também aos animais, procurando realçar o lado mais selvagem de algumas espécies. O casal protagonista utilizou o seu local de trabalho, o Jardim Zoológico, como local de refúgio para alguns judeus que tentavam escapar ao holocausto. Não é propriamente um romance e não tem linguagem acessível, porém é um livro poderoso por ser assustadoramente real.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Saudades do olhar maroto

Voltando a Marrancos...quando a chuva cai intensamente, a bela aldeia radiosa torna-se triste porque a natureza escurece, as árvores vergam como peso da água e do vento. Apenas o lume de uma lareira consegue iluminar ligeiramente os rostos. Durante funeral do meu pai, em pleno Verão de 2003, Marrancos esteve triste, a natureza demonstrou o seu pesar através de chuva intensa e solidarizou-se com as pessoas que choravam o desaparecimento de alguém tão querido. Naquele dia a linda aldeia minhota não poderia estar radiante e alegre mas sim triste e chorando a morte de alguém que amava muito a sua terra. A passada 2ª feira fez-me reviver estes momentos e recordar mais intensamente o meu pai. Tenho saudades do seu olhar maroto e do seu sorriso trocista. Das suas longas reflexões e das seus argumentos que invariavelmente eram rebatidos por mim, conduzindo a trocas de ideias acaloradas e intensas mas sem vencedores oficiais. Não herdei os olhos azuis brilhantes e divertidos do meu pai...herdei o gosto pelas reflexões, pela argumentação, pela leitura e pela escrita. Herdei algum sentido de humor mas também o seu comodismo. Tenho saudades das nossas conversas, dos filmes que víamos juntos e sobre os quais existiam sempre comentários a fazer, tenho saudades do seu riso e de quando me fazia rir, quando brincava com a minha mãe...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Marrancos

Grandes expectativas tinha eu para os dias que iria passar em Marrancos. Já descrevi a bela aldeia minhota onde o meu pai nasceu, que me acolheu para férias e para viver. No ano passado sem grande vontade, confesso, fui para Marrancos e passei 5 dias de férias revigorantes e fantásticos. Este ano estava ansiosa por lá voltar, principalmente para voltar a viver os sentimentos de paz, descanso profundo e verdadeiro mas também de algum divertimento com os amigos. Foram elaborados grandes planos...comecei a contagem decrescente dos dias, tal como quando era criança! Mas este ano, Marrancos perdeu todo o seu encanto o que me entristeceu. Primeiro contratempo, parti 6ª feira cheia de febre, constipada e com dores de garganta e como é raro ficar de cama, penso que a última vez foi em Janeiro de 2000, não desanimei e comecei a ingerir medicamentos na busca de uma panaceia célere. Afinal tinha planos para a noite de 6ª feira, iria juntar alguns amigos em casa para matarmos saudades e celebrarmos a nossa saúde. Mas a febre teimava em não baixar e o convívio foi adiado...dada a impossibilidade de algumas pessoas para os dias seguintes, o convívio não se realizou. No sábado já me levantei ligeiramente melhor e saí. Fui ao cemitério visitar a campa do meu pai e "conversar" um pouco com ele e seguidamente fui até Braga. À noite estava de novo com temperatura elevada. Só 2ª feira é que me sentia com algumas forças embora ainda não totalmente recuperada. Nesse dia deu-se o segundo contratempo...o tempo. Choveu como se um dia de Inverno se tratasse. O vento acompanhou a chuva e arrefeceu de forma intensa. Não é possível passear na mata, dar uns passeios pela freguesia ou até ir ao café com um tempo tão desagradável. Por momentos cheguei a pensar que o Pai Natal estaria já a descer pela chaminé. O tempo e a febre perturbaram os meus dias de férias e entristeceram-me, não me proporcionando o alento que eu tanto ansiava. Uns raios de sol despontaram quando visitei as minhas grandes amigas Cristina e Palmira, conversei com a Carla Guimarães e com o Zé e noutros momentos mais fugazes com outros amigos.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Os dias de férias vão passando e eu nem tenho escrito no diário...que grande falha da minha parte. Tal como prognostiquei, estes dias têm sido essencialmente de repouso, de leituras e de alguma praia ( o vento não tem ajudado muito).
No sábado transacto, passei um excelente dia na casa da minha amiga Telma que conheci na Pós-Graduação. Foi um almoço animado que se prolongou pela tarde, e mais importante ainda, sem que desse pelas horas passarem. A Telma e a sua adorável família convidaram para o repasto, o grupo de trabalho da pós-graduação juntamente com os seus acompanhantes. Como já tenho referido, neste momento não partilho a minha vida com ninguém especial, o significa que me apresentei sozinha. Importa, igualmente, explicar o tipo de relações que se estabeleceram entre este grupo de trabalho, que teve início como tal e que teve uma progressão no sentido da entreajuda, da camaradagem e da amizade. Partilhámos momentos, divertidos, de ajuda, de apoio, de simples conversa. Foram, definitivamente, bons momentos, os que vivemos. Tal como aconteceu no sábado. Infelizmente, um dos elementos do Grupo das 5, a Irina, viu-se impossibilitada de comparecer por razões de saúde, o que foi um enorme desgosto para todas nós.
E assim vão passando os dias das minhas férias.
Sexta-feira parto para Marrancos, com certeza voltarei com mais temas para partilhar.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

De Férias

De Férias Finalmente… Chegou o primeiro dia de descanso…pausa no trabalho da escola, na pós-graduação e no projecto…Em Setembro irá regressar tudo à normalidade. Prioridades máximas de férias:
Primeira – Praia, muita praia! Férias de Verão para mim são sinónimo de praia. Segunda – Dormir e ler, que maravilha ter tempo e disposição para ler. Terceira - Fazer uma visita a Marrancos e rever alguns amigos e familiares… Não me vou alongar mais em relação ao rol das prioridades, tudo o que vier a mais será óptimo. No final do mês de Agosto regressa a angústia devido ao término do contrato de trabalho. E esperar pelos resultados do novo concurso de docentes contratados, e o tempo devolve-me novamente a incerteza quanto ao meu futuro…Aguardarei ansiosamente por saber o local, e a escola onde irei passar o próximo ano lectivo.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

De regresso...

É bom estar de regresso, já sinto alguma falta do blogue, quando me ausento por algum tempo. Não do blogue propriamente dito, mas sim de poder escrever e organizar tudo o que me vai na mente e no coração. A minha vida sofreu algumas alterações com o choque que sofri durante o mês de Maio, felizmente e aparentemente já ultrapassado…Pelo menos assim o anseio. Carece, ainda, uma celebração condigna de vitória, que está marcada para dia 19 de Julho, e que será feita com um grupo de amigas. E entretanto a vida voltou à aparente normalidade…trabalho na escola…jantar simpático com os alunos do 12º ano que tiveram a amabilidade de oferecer a refeição aos professores…jantar de aniversário divertido da minha amiga Patrícia …as aulas na pós-graduação que na proximidade da pausa de férias se traduz numa acumulação de entrega de trabalhos...e ocasionalmente umas idas à praia no final da tarde. A cicatriz da excisão não permite grandes aventuras, porém possibilita o desfrutar de uma das minhas predilecções…a praia.. e no fim do dia a magia até se intensifica.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Chegou o Verão à minha vida

Chegou o Verão!!!!Já repararam?
À minha vida chegou mais cedo, no dia 17 de Junho. É verdade o resultado da biopsia confirmou que o tumor era maligno, mas está curado porque foi totalmente removido. Um grande VIVA! E o sol, o calor entraram de forma luminosa e inflamada na minha vida. VIVA!!!!
Não escrevi de imediato, e vontade não me faltava, porque o trabalho intensificou-se, vigilâncias de exames, avaliações finais, os estudos e trabalhos para apresentar...Os meus meninos do 9º ano sofreram as amarguras dos exames nacionais, eu estive a vigiar e sem poder ajudar, que tortura!
O 9ºC organizou um almoço fenomenal de despedida que adorei. O 7ºC ofereceu-me uma T-shirt autografada por todos os alunos da turma...O final do ano lectivo transporta-me sempre para grandes emoções...

terça-feira, 10 de junho de 2008

À procura da serenidade

Nestes últimos dias o desassossego e ansiedade têm crescido…Dia 11 já devo ter o resultado da citologia e se assim for no dia seguinte terei nova consulta para mais esclarecimentos…Vou tentar aguardar com serenidade…

Somewhere I belong

Graças à minha amiga Palmira e ao seu simpático marido a minha vida "desentorpeceu". Desde o diagnóstico do carcinoma que tento enfrentar a vida com um sorriso na face. Confesso que este objectivo nem sempre tem sido conseguido com pleno sucesso. O vocábulo carcinoma é demasiado assustador e obscuro tornando os pesadelos e as angústias bem mais resistentes que o sorriso. Apesar de não me encontrar deprimida, encontrei na rotina do trabalho docente e dos estudos o reconforto suficiente para um sorriso ténue. Uma carta da Palmira provocou um arrepio na espinha, uma agitação, um alvoroço na vida rotineira …O Carlos, marido da Palmira beneficiou da oferta de um bilhete para o Rock in Rio e decidiu oferecer-me. Tenho acompanhado este conjunto de espectáculos com mediano entusiasmo. Nunca lamentei não ir Rock in Rio. Dos artistas e bandas convidadas, apenas um me faria deslocar até ao Parque da Bela Vista, Linkin Park. Esta banda musical norte-americana é na actualidade a minha preferida. Por isso, aceitei o desafio e FUI. Todo o envolvimento da ida, deslocação, expectativa provocou entusiasmo na minha vida e um autêntico sorriso no meu rosto. E ainda bem… Foi uma noite inolvidável, sem sombras de carcinomatoses, de preocupações de trabalho ou de estudo. Senti que estava no local certo senti que era ali que pertencia (“Somewhere I Belong”) e porque simplesmente quebrei a rotina naquela noite (“Breaking the habit tonight”) Obrigada aos meus amigos por me terem proporcionado momentos tão notáveis.

terça-feira, 27 de maio de 2008

A excisão

No passado dia 20 de Maio, fiz a excisão do tumor que me havia sido diagnosticado. O médico mantém o prognóstico de malignidade mas garantiu-me, com a mesma assertividade com que afirmou que era uma carcinomatose, que havia removido todo o tumor. Este era profundo e de crescimento rápido. Na altura um peso saiu de cima de mim, fui invadida até por alguma euforia. Afinal não passava de um susto. Quando acalmei, as dúvidas voltaram a assolar-me, até porque até saber os resultados da histologia o processo ainda não terminou. A origem e a causa do tumor podem conduzir a outros caminhos igualmente obscuros. Agradeço o apoio que tenho recebido, pode parecer piegas e um lugar-comum, porém este apoio tem sido fundamental. É bom sentirmo-nos mimados e acarinhados quando a vida resolve pregar-nos uma rasteira. Hoje fui tirar os pontos da cirurgia, a cicatrização está a correr nos parâmetros ditos normais. Neste momento, aguardo...prefiro nem partilhar os cenários, os pesadelos e as imagens que me ocorrem frequentemente. Prefiro pensar positivo, esquecer estas imagens e sorrir em relação ao futuro.
Não deixei de ir trabalhar e como a excisão é visível, tem sido alvo de curiosidade por parte de colegas e alunos. Partilho a reacção curiosa da Daniela, aluna do 9º ano que me enfrenta sempre com um grande sorriso nos lábios. Quando os colegas questionaram se eu tinha tirado um sinal, eu expliquei que era algo diferente, mais grave mas que estava tudo bem comigo. Os colegas não ligaram mais, no final da ficha de avaliação sumativa, a Daniela veio ter comigo e perguntou se eu tinha sido sujeita à remoção de um tumor. Olhei para ela de forma incrédula e anui com a cabeça. A Daniela explicou-me que ficou a pensar no assunto e como vê o Dr House chegou a esta conclusão. Não pude deixar de sorrir e agradecer a sua preocupação.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Carcinomatose...

-Isso é uma carcinomatose-disse o médico.
-Como? Não é um ponto negro que inflamou, um cravo, uma verruga?
-Não, é uma carcinomatose-diz o especialista após longa e cuidada observação.
E o meu mundo parou...eu paralisei. O cérebro esvaziou em segundos e apenas ecoou o som da expressão carcinomatose...o coração começou a bater lento ao ritmo da sentença: carcinomatose.
É verdade, foi-me diagnosticado um tumor maligno na face. E o mundo parou, pelo menos o meu, eu fiquei em pausa...todo o meu peso caiu, fiquei leve mas com o estigma do carcinoma comigo. Primeira reacção, após alguns momentos de paralisia, a responsável fui eu, mexi e tentei tirar um ponto negro, inflamei, degenerou...
- Não- garantiu-me o especialista-não foi responsável.
Não me recordo de sair do consultório, de chegar a casa ...continuei parada. Após algumas horas sem reacção...comecei a pesquisa veemente do significado de carcinomatose, enciclopédias, dicionários, internet, foi tudo lido e relido. Não fiquei mais descansada, carcinomatose, carcinoma ou tumor maligno, são expressões muito próximas e que se tocam. Nunca duvidei do diagnóstico, não chorei, apenas sobrevoei sobre a minha vida e aceitei que a partir daquele minuto a minha vida seria diferente. Logo agora que parecia que corria tudo tão bem, até parece cómico, mas é a realidade. Sentia-me realizada profissionalmente, adoro dar aulas e quero continuar a minha carreira docente, apesar dos obstáculos. Academicamente, estava a gostar da Pós-graduação e a sentir-me satisfeita com os resultados obtidos. Apenas, no âmbito pessoal, ainda não encontrei ninguém com quem partilhar a minha vida...porém esta situação nunca foi um drama para mim. Para mim, tragédia é um corpo estranho e maligno estar invadir o meu corpo através do meu rosto.
Esta mensagem foi escrita no domingo, 3 dias depois do diagnóstico mas apenas vou publicar após a excisão na 3ªfeira dia 20 de Maio. O resultado da análise para confirmar a malignidade virá posteriormente, após a biopsia.
Apenas desabafei com a minha mãe (o meu amparo), com a Telma (colega da Pós-Graduação), com a Palmira (colega e grande amiga) e com a Cristina (enorme amiga). A Palmira e a Cristina estão longe, estas amizades principiaram quando eu estive a dar aulas perto de Braga e continuam apesar da distância. As duas transmitem-me muita força e apoio. A Telma como batalhadora que é, está a lutar ao meu lado.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Quando dei aulas à adultos...

Pela segunda vez na minha vida profissional cruzei-me com um público adulto, enquanto alunos. A experiência é diferente mas sempre enriquecedora. Mas antes de contar essa experiência devo fazer a contextualização. Desde o princípio do ano lectivo que me encontro a leccionar a 5 turmas da Escola E.B. 2,3 de Vale Milhaços (2 do 7º ano de escolaridade e 3 do 9ºano) e apesar do desgaste e do trabalho que as 5 turmas dão, o meu horário não é completo. Significa que desde Setembro que tento arranjar outro horário compatível com este. A situação é tão deprimente que conheço pessoas que fazem quilómetros e leccionam em 3 escolas. A minha ocasião surgiu quando fui chamada para um horário nocturno de três meses na escola onde estudei (do 7º ano ao 12º ano) e onde mais tarde fiz o estágio profissional. Foi um regresso a casa...Sinto que aquela escola me marcou enquanto pessoa e que ali estarei sempre ligada. Portanto, é sempre saboroso recordar os bons momentos que vivi naquele espaço praticamente sagrado. Aquele é o meu lar, em termos profissionais.
E os alunos...???Em primeiro lugar com a idade bem mais avançada do que é costume, com outra motivação, mas também bem mais difíceis de conquistar. As suas histórias de vida são de certeza diferentes dos meninos do 7º ano mas mais importante, as suas perspectivas e expectativas são muito mais conscientes e responsáveis. Quando terminou a substituição, percebi que aqueles alunos poderiam ser meus amigos com quem eu trocava ideias numa mesa de café ou numa outra situação informal. Que aqueles discentes teriam tanto ou mais a ensinar e a partilhar comigo. Por essa razão denominei a experiência de enriquecedora.
O meu maior problema desta experiência prendeu-se com o trabalho e a responsabilidade de preparar aulas para o 12º ano. Encaro o meu trabalho com muita seriedade o que implica um trabalho cuidado de preparação das matérias a leccionar. Quando à preparação das aulas de três diferentes níveis de escolaridade se junta o estudo de uma Pós-graduação...as consequências pessoais não são muito positivas. Por sentir que não ia aguentar muito tempo a este ritmo, já recusei um novo horário numa outra escola secundária. Era incapaz de estar a trabalhar e impossibilitada de dar o meu melhor...Daí a escolha.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

A visita ao Museu Militar

No dia 8 de Abril de 2008, dia extremamente chuvoso e ventoso, fui com os alunos do 9º ano ao Museu militar. O Museu Militar tem um espólio referente à história militar portuguesa que é muito interessante e rico. Aconselho quem goste destes assuntos a visitar este espaço magnífico no coração de Lisboa, mesmo junto à estação de Santa Apolónia. Apesar de o atendimento não ter sido acolhedor nem mesmo simpático, é um belo local para uma visita. Devo dizer que os alunos, na sua maioria, manifestou o seu agrado (presumo que não seja graxa...:), o que é significativo. Mas para além das salas lindíssimas do museu, o que mais saliento nesta visita foi...ou melhor, foram, os próprios alunos, com um comportamento adequado, com comentários interessantes, boa disposição, e muito sentido de humor, proporcionaram-me a um dia bem passado. Quase se me tentam a organizar outra visita de estudo para as três turmas, se isso ainda fosse possível.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Este estado de ansiedade!

Sinto dentro de mim, uma grande ansiedade, uma necessidade de quebrar a rotina, de partir para o desconhecido, de viver diferente, de sentir emoção, emoções fortes que me façam vibrar. Principalmente de viver...momentos únicos, arredar a segurança e arriscar, ser diferente. Viver por fugazes momentos na escuridão para descobrir o desconhecido. Desejo sentir-me mais completa...como ser humano. E a vida passa e nós esquecemo-nos de vivê-la...de sonhar. Nestes momentos, identifico-me com o António Variações: "Só estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir aonde não vou Não consigo dominar este estado de ansiedade, a pressa de chegar para não chegar tarde Porque é que eu fujo desta solidão, porque eu recuso quem me quer dar a mão" Esta é provavelmente a música da minha vida.

segunda-feira, 17 de março de 2008

O grupo da pós-graduação

Eu sei que não estou a cumprir a promessa...e que já devia ter escrito há mais tempo...Porém o final do período é sempre muito trabalhoso e para mim, a avaliação é um trabalho de grande responsabilidade, que implica ponderação e bastante reflexão. Para além dos meus queridos alunos do 9º ano serem exímios no cumprimento de prazos, principalmente de entrega de trabalhos...Sem mais comentários!
Como já referi, este ano lectivo embarquei numa nova aventura...voltar a estudar. Estou a fazer uma pós-graduação na área da Educação Especial, assunto a que dedicarei brevemente. Esta noite gostava de falar do excelente grupo de pessoas que se juntou para realizar esta especialização (comigo incluída, claro). São pessoas generosas, organizadas, que trabalham para o grupo e não para si. Somos apenas 10 (já houve uma desistente, não é fácil trabalhar e estudar simultaneamente), mas temos um ambiente muito agradável que me tem motivado bastante. As nossas pausas, acompanhadas sempre de comida, estão a tornar-se mais atractivas que o próprio curso (que não deixa de ser interessante) e quando o corpo e a mente (principalmente a mente) rezingam com a ida para a pós-graduação e com as 14 horas lá passadas por semana, a minha panaceia é recordar-me dos bons momentos passados lá até agora. E a motivação melhora significativamente. Na minha opinião, tem sido um factor influente para tentar edificar esta aspiração.

sábado, 1 de março de 2008

Acabou a ausência. Prometo

Por insistência do Ruben, meu aluno neste ano lectivo, reflecti que há muito tempo que não escrevia algumas linhas da minha vida no meu diário. E se é verdade que o tempo escasseia e nesta altura o trabalho é muito, não é menos verdade que me fazem falta os momentos de reflexão e de síntese que a escrita destas palavras me proporciona. Sei que os meus leitores são meus conhecidos, entre família, amigos e alunos. Comoveu-me, portanto, que alguém que não conheço se tenha identificado com as minhas palavras...Espero que continue assiduamente a visitar-me, por via cibernautica e que encontre algum alento e sentido naquilo que vou rascunhando. Desejo-lhe as maiores felicidades do mundo. Para mim, receber este comentário foi importante, sempre fui alguém que gosta de observar, conhecer pessoas. Analisar feitios e comportamentos, mas também que considera que é imperioso, conversar, conhecer novas ideias, novas culturas, novas vidas. Por isso adoro ser professora porque me permite colocar-me em contacto com tantas pessoas diferentes, desde alunos, a funcionários, encarregados de educação ou colegas. Fico grata e emocionalmente satisfeita que o meu singelo diário permita estabelecer também novos contactos.
Por falar em pessoas, tenho que expressar o meu contentamento por ter conhecido o grupo de pessoas que se encontra, tal como eu a fazer a pós-graduação em Educação Especial. Mas disso, falarei noutra ocasião. Prometo voltar em breve. E obrigada, Ruben, por me teres chamado à realidade.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Durante esta semana recebi uma notícia daquelas que nós nunca queremos receber, daquelas notícias que até o toque do telefone nos provoca tristeza. A minha querida tia Zizinha, irmã do meu pai, tinha falecido. Desloquei-me a Braga para participar nas cerimónias fúnebres, que foram aterradoramente tristes e em que que a dor desta partida transbordava nas lágrimas que pareciam não querer parar de correr nos diferentes rostos carregados. O silêncio esmagador substituiu as palavras de circunstância e apenas se tentou a fazer a justa homenagem a uma boa pessoa. A minha tia era um anjo-da-guarda, não só pela aparência física, cabelo louro encaracolado e grandes olhos azuis, mas principalmente pela sua maneira de ser. Quando alguém do seu conhecimento precisava de ajuda, a tia Zizinha era a primeira e muitas vezes a única pessoa a disponibilizar atenção e carinho a essa pessoa. Infelizmente, ninguém conseguiu corresponder a esse auxílio quando ela mais precisou, no dia 16 de Janeiro. Tinha sempre uma palavra amiga para todos, sendo, igualmente, excelente conselheira. Com o seu excelente sentido de humor e as suas gargalhadas contagiantes levava alegria a todos quantos a conheciam. Eu fui afortunada porque durante 34 anos pude conviver com uma pessoa que me ensinou tanto e me fez ainda mais, que iluminou a minha vida de forma enternecedora e única. Uma pessoa que será difícil de esquecer e que será continuamente lembrada nos corações daqueles que conviveram com ela. Todas as lágrimas que correram e correrão no meu rosto serão poucas...para homenagear, para recordar a minha querida tia. Usando as palavras acertadas e emocionadas, do meu tio e seu cunhado: "perdemos A nossa AMIGA" . Disso não tenho a mais pequena dúvida, perdi A minha amiga.