Os concursos anuais para professores contratados são sempre uma tormenta para quem concorre e quem acompanha os docentes. A incerteza, a ansiedade, a mudança constante assolam anualmente os professores. São anos e anos de luta, de sacrifícios, de amargura e que muitas vezes não são compensados. E cada vez mais verifico que as injustiças e as humilhações aumentam para os docentes. A autonomia das escolas para as renovações de contrato ou contratações conduz a situações inconcebíveis e da maior injustiça com o favorecimento de alguns docentes em detrimento de outros com mais experiência… É ultrajante para quem lecciona por gosto e desde de 1996, como eu, verificar que os critérios definidos pela legislação referente a concursos não são respeitados. É complicado desempenhar uma profissão em que não prevalece a “meritocracia” mas sim a “cunhacracia” ou algo muito semelhante.
O meu diário
Blogue que pretende reflectir sobre as vivências de uma professora.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Ser professora...
A profissão de professora é uma batalha constante… um professor enfrenta situações novas todos os anos: escola nova, alunos novos, regras novas, materiais novos…emoções novas! Enquanto professora procuro sempre marcar os meus alunos, apaixoná-los pelo conhecimento, pela curiosidade, fomentar o seu espírito crítico. E se puder transmitir alguma da minha paixão pela História, então, sinto-me realizada.
Senti um grande orgulho quando o meu antigo aluno Telmo me confidenciou que na altura de escolher, optou pela área de Humanísticas e das Ciências Sociais e que essa opção se devia a alguma influência dos professores de História, grupo no qual me incluo. O Telmo foi meu aluno no 7º ano, em Almada, neste momento frequenta o 11º ano. Lembro-me muito bem deste aluno, realizou um trabalho de grupo sobre a Romanização em Portugal, para tal convenceu e motivou os colegas a viajar à procura das ruínas Romanas em Portugal. Tinha (espero que ainda tenha…) uma paixão contagiante e a que era difícil ficar indiferente.
Ao longo da minha já longa carreira espero ter suscitado mais paixões em mais alguns alunos, esse é o meu objectivo quando desempenho a minha função.
Os professores, por vezes, encontram muitos obstáculos para exercer a nossa função…as condições físicas da escola que não permitem o envolvimento desejado, as dificuldades e problemas que são inerentes aos próprios alunos, alguns colegas que entravam o trabalho a desenvolver.
Uma das dificuldades que sinto quando exerço a minha profissão é estabelecer as fronteiras no relacionamento dos alunos. Estabeleço como fronteira, pela negativa, o uso da violência. Não sou apologista do clima de temor e de dor que a violência gera, não considero que seja propício para a aprendizagem. Pela positiva é mais complexo determinar a fronteira. Procurei sempre estabelecer um relacionamento sincero com alunos, ajudando-os e procurando compreendê-los. Criando um clima mais agradável na sala de aula a aprendizagem poderá ser desenvolvida mais facilmente tornando também, mais simpática a função de ensinar. Mas a verdade é que passo várias horas com os alunos partilhando inúmeros momentos com eles, é impossível ocultar o sentimento de amizade que vai crescendo dentro de mim. Aqui nasce a complexidade da delimitação da fronteira… os sentimentos não são controlados pela razão e obviamente que influenciam a nossa forma de agir. Exercer a tarefa de docência torna-se delicada. Em consciência opto por não esconder o que sinto pelos alunos porém, no momento da avaliação procuro agir com a maior integridade e imparcialidade de forma a não prejudicar nenhum deles.
domingo, 2 de janeiro de 2011
O Ano de 2010
Janeiro - O verdadeiro Inverno tornou-se inferno, a neve, o gelo…e um mês que nunca mais acaba.
Fevereiro - a tristeza meteorológica e no coração persiste.
Março - Visitas de estudo e muito cansaço. Será que vou aguentar? Resistência e energia precisam-se.
Abril - Almada para retemperar as forças…mais um aniversário…tantos sonhos por concretizar.
Maio – .... E o Benfica é campeão!!! E os TGEI…os alunos do 11º ano de Técnico de Gestão de Equipamentos Informáticos são fantásticos e continuam-me a fazer sorrir…
Junho - o Verão aproxima-se… o fim de algumas aulas…Sardinhada animada. Só penso nas férias.
Julho - as saídas divertidas com o pessoal, o Gerês, o fim das aulas da noite, a alegria de regressar a Almada de férias.
Agosto - apenas uma palavra: FÉRIAS.
Setembro - o doloroso regresso a Cabeceiras…como custou…para o ano será diferente!!! Será mesmo?
Outubro - Afinal…foi bom regressar e não custa tanto estar na escola de Cabeceiras.
Novembro - E chegou novamente o Inverno… a chuva, o frio…e a neve já espreita. A companhia da minha querida mãe.
Dezembro - NEVE…que tormento e inquietação. Natal…mais um feliz Natal na companhia dos que mais amo.
domingo, 28 de novembro de 2010
Sinto o drama da folha em branco…há tanto para dizer e não sei como começar!!! Nenhum início me parece suficientemente original, as palavras não traduzem as minhas emoções…
Este texto serve apenas para descrever o que senti na última 6ª feira quando saí da escola de Cabeceiras de Basto.
Voltei para escola onde leccionei no ano passado e como consequência continuei como professora de algumas das turmas que já tinha tido.
Ocasionalmente, fui professora durante 2 anos seguidos dos mesmos alunos e quando isso aconteceu, a relação aprofundou-se e tornou-se muito mais verdadeira e única.
Recordo com saudades e com especial carinho, as minhas direcções de turma ou outras turmas da Escola Profissional Amar Terra Verde ou a turma B da Escola Professor Ruy Luís Gomes.
Na passada 6ª feira, pela primeira vez senti uma enorme tristeza invadir o meu coração... A minha profissão preenche-me e há turmas que me completam e me fazem crescer como pessoa. São os alunos para os quais vale a pena lutar e sofrer as agruras que vou consentindo ao exercer a minha profissão. A turma do 12º ano do curso profissional de Técnico de Gestão de Equipamentos Informáticos é assim. Os alunos são simpáticos, atenciosos e com imenso sentido de humor. São interventivos, sabem reflectir e analisar as diversas situações. Com esta postura as aulas são animadas e com muito diálogo.
Na 6ª feira após mais uma aula em que os quarenta e cinco minutos voaram e de mais meia hora de conversa com alguns alunos...ao iniciar a viagem de regresso a casa fiquei atordoada pois as minhas emoções baralharam-se, e se por um lado sentia o meu dever cumprido e sabia que tinha passado mais alguns bons momentos com aquela turma, por outro lado percebi que estes momentos não se irão repetir por muitas mais vezes visto que a turma está a terminar o seu percurso educativo.
sábado, 25 de setembro de 2010
Apenas um desabafo...
A vida, a rotina, o dia-a-dia conduzem-me a um conformismo que provoca algum desconforto e me incomoda...sinto-me, frequentemente, despida de emoções, sem vida, sem brilho, sem sonhos, em plena escuridão.
Preciso de sentir emoções diferentes...ou apenas emoções, de cor, de flores,
de muita agitação, de luz, de calor, de voar
mas principalmente preciso...
de voltar a sonhar!!!
domingo, 29 de agosto de 2010
Amálgama de Sentimentos
Já por diversas ocasiões abordei aqui a questão dos concursos dos professores. A data de publicação dos resultados do concurso para o próximo ano lectivo aproxima-se... Este ano vivo um conflito de emoções. A escola onde estive a leccionar no ano lectivo transacto convidou-me a ficar neste ano, uma vez que se reuniram condições para que tal acontecesse. Eu aceitei e é quase certo que voltarei à escola básica de Cabeceiras de Basto. Porém, invade-me uma mescla de sentimentos, se por um lado gostei da escola, do ambiente entre colegas, do apoio da direcção, do início de algumas amizades, de alguns alunos fantásticos que também pretendem o meu regresso, por outro custa-me muito partir e deixar Almada, a minha família, os meus amigos, depois penso no Inverno, na chuva, no gelo, na neve, no frio e sinto uma enorme tristeza... e uma sensação de aperto apodera-se do meu coração, da minha alma.
Queria ter uma varinha de condão e colocar a escola de Cabeceiras de Basto com todas as suas pessoas numa redoma que seria disposta no centro do Concelho de Almada.......
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
O amadurecimento...
Fui criada com a estranha sensação que os meus pais eram super-heróis que resistiam a tudo e a todos. Qualquer dificuldade era superada ou contornada. Tinham sonhos e ambições que me iam transmitindo ao longo do meu crescimento.
Esta verdade irrefutável foi traída pelo diagnóstico de leucemia que o meu pai recebeu. Ao longo dos poucos meses que o meu pai sobreviveu e lutou contra este infortúnio assisti ao seu definhamento, procurando evitar, essencialmente, o seu sofrimento!
Actualmente, é com grande sofrimento que acompanho, impotente, ao envelhecimento da minha mãe... E é uma árdua tarefa.
A minha mãe é imparável, gosta de ser independente, saúdo o facto de ainda manter essa independência. Porém, verifico que algumas capacidades vão se perdendo todos os dias e não são recuperadas.
Sou acometida por uma grande tristeza quando o meu amparo, o meu apoio vai desmoronando-se a cada dia que passa.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Descanso
Subscrever:
Mensagens (Atom)