Uma grande amiga disse-me que se sentia derrotada...como definiu correctamente o que eu sinto. Depois de tanta luta, tantos sacrifícios, de tanto empenho...o caminho chegou ao fim. Está na hora de traçar um novo rumo para a sua vida, é esta a mensagem do Ministério da Educação...Será possível que quem abandonou casa, família, amigos, a sua vida, apenas para poder exercer a profissão que gostava e sonhava para si, é apenas uma candidata a professora?Durante dez anos a precariedade da minha profissão foi aceite ao verificar que gostava de leccionar, que sentia alegria ao exercer as minhas tarefas, portanto os horários e respectivos salários reduzidos tornavam-se insignificantes quando terminava o dia e os "meus meninos" tinham adquirido conhecimentos históricos suficientes para poderem pensar por si, sobre o passado, o presente e o futuro. Desde que no final do período, ou do ano, tivesse conseguido sensibilizar e motivar alguns alunos para o ensino, permitindo o seu crescimento enquanto seres humanos, eu sentia-me afortunada.
Houve momentos de desânimo, em que pensava que a insegurança e as parcas condições não mereceriam o meu esforço...porém o meu pai, permanentemente secundado pela minha mãe, olhando sempre nos meus olhos dizia-me: "ficarás contente se exerceres outra profissão?"A curta experiência noutras áreas levava-me a abanar lentamente a cabeça, ao que ele replicava: "Então luta pela tua felicidade!". E foi sempre com um sorriso nos lábios que prossegui na tentativa de construir a minha carreira docente e tracei o meu rumo profissional.
Hoje, a luta pela felicidade terminou. Aparentemente, as condições foram alteradas e eu e os outros 45000 professores já não somos necessários para o sistema de ensino em Portugal.
Hoje, Pai, precisava que estivesses ao meu lado para me auxiliares a traçar um novo rumo ou a providenciar-me novas armas para continuar a lutar.