A situação na escola agudizou-se e senti-me muito debilitada após ter sido humilhada e maltratada publicamente. Sei que foi uma situação pontual e apenas por uma colega, porém provocou muita mágoa e não consegui manter a minha força desabando em frente de outros. Continuo a pensar que ninguém merece o desprezo e a humilhação pública apenas por ter formas de trabalhar ou pensar diferentes. O desespero tomou conta de mim, fiquei doente, não conseguia dormir, comer e as lágrimas brotavam dos olhos sem razão. Como a saúde tornou-se primordial na minha vida, decidi que não poderia manter a situação e procurei as entidades competentes para saber as consequências profissionais de uma rescisão do contrato com a escola. Sim, é verdade. Eu tomei as medidas necessárias para que tal acontecesse, para mim era e é impensável trabalhar em ambiente conflituoso e com pessoas com más intenções. Era a única solução apesar das consequências negativas em termos profissionais que isso me pudesse acarretar. De que serve ter um emprego quando não temos saúde ou não somos felizes….
Lamentavelmente as consequências em termos de futuro são mais penosas do que eu imaginava. O que me levou a ponderar se o que eu construí com tanto esforço e sacrifício e que é a minha frágil carreira profissional deveria ser destruída por uma única pessoa. Simultaneamente tive o apoio e o carinho de alguns colegas que foram excepcionais e me deram alguma força. Não aprecio nomear as pessoas mas gostaria de deixar o meu obrigada muito sentido, à Catarina, à Susana, à Fernanda, à Xana, à fantástica Esmeralda e ao Carlos que mesmo de atestado médico após ter sido submetido uma cirurgia transmitiu-me palavras de apreço e de amparo. Provavelmente quem deveria ter mostrado solidariedade não o fez…mas consegui encontrar dentro de mim um alento que me fez levantar a cabeça e prosseguir. Vivo um dia de cada vez, sem alegria na minha profissão, como sempre foi meu apanágio, conto os dias, as horas, para o fim-de-semana e para o final do contrato. Cada dia na escola é um sufoco.
Como andava tão magoada e tristonha, resolvi aceitar o convite da Sueli para o seu aniversário. A Sueli é filha do dono do café onde posso estar com alguns amigos de Marrancos, já que é o nosso ponto de encontro de fim-de-semana. Segui um grupo de amigos até uma discoteca da zona onde o Filipe, principalmente, e o Fernando me fizeram companhia e ajudaram a esquecer a minha tristeza e cheguei a ouvir umas tímidas gargalhadas provenientes da minha pessoa. Entretanto fiz uma curta passagem pelas “grandiosas festividades do S. Brás” em Marrancos.
No Carnaval vou a Almada tentar encontrar forças e energia para continuar a sobreviver.