Na semana passada vários acontecimentos marcaram a minha vida.
Em primeiro lugar a abertura do concurso para o quadro de professores. Havia muita expectativa em relação a este concurso, pelo menos da minha parte, desde há 3 anos que não abriam vagas para os quadros, o número de professores a reformar-se, durante este período de tempo, era bastante significativo, o Ministério anunciava a criação de milhares de vagas para contribuir para a estabilidade nas escolas. As expectativas saíram goradas quando os números foram publicados, era preciso que as vagas fossem triplicadas para que eu sonhasse poder entrar para o quadro de uma escola.
Ainda pior é a consequência…se são precisas 3 vezes mais vagas e os concursos têm lugar de 4 em 4 anos…só poderei pensar na possibilidade de entrar para o quadro pelo menos daqui a 12 anos. A entrada num quadro de escola traz a estabilidade de saber que vou ter emprego e que poderei progredir na carreira. É demasiado punitivo para quem já deu tanto aos alunos e às escolas do país continuar a não ser respeitado pela entidade empregadora, o Ministério da Educação.
Solução: deixar de ser docente? Não me parece que fosse feliz!
Perspectiva: continuar a ser contratada todos os anos sem saber se haverá vagas para mim, onde irei trabalhar e quanto vou ganhar.
Como contratada que sou…corro vários riscos entre eles, não poder voltar a concorrer caso não respeite a lei e com isto quero dizer que, apesar de não concordar inteiramente com a proposta de avaliação do Ministério da Educação, pedi para ser avaliada. Como disse na escola, como decidi ir à guerra resolvi ir munida com todas as armas que estão ao meu alcance, para tal solicitei ter aulas assistidas. Só assim poderei obter a classificação de Muito bom ou Excelente.
Na segunda-feira à noite realizou-se a minha primeira aula assistida que, apesar de alguns percalços habituais para quem lecciona, e segundo a minha perspectiva, correu bem. Os formandos foram fantásticos e sensibilizaram-me pela forma como se disponibilizaram para me ajudar, numa atitude quase protectora. A primeira conversa com a avaliadora, após a observação, foi bastante esclarecedora e motivadora. Parece-me uma pessoa bastante profissional, com conhecimentos e experiência notáveis. Sinto-me mais confiante e nada arrependida de ter iniciado este processo.
Claro que esta aula assistida implicou muitas horas de preparação, de tensão e por oposição poucas horas de sono. Mas agora sinto um grande alívio.
E o TGV…como entra o “comboio relâmpago” na minha vida?? Que estranho! Mas é verdade…no café onde costumo ir durante o fim-de-semana tomei conhecimento através do edital da Câmara Municipal que o traçado mais provável da linha Porto-Vigo do TGV irá cruzar a aldeia de Marrancos. Fiquei triste, Marrancos é uma aldeia minhota que apesar de ser atravessada pela estrada nacional mantêm características rústicas e preciosas, como o verde dos campos, o canto dos pássaros, as pequenas colinas que enlaçam vales tornando-os acolhedores. E a paisagem que pode ser apreciada no monte da Senhora da Guia é espantosa, em dias de céu limpo é possível observar o mar. A perspectiva da aldeia ser atravessada por um comboio de alta velocidade não é muito agradável e não consigo conceber Marrancos a perder as características que tornam a tão única.