domingo, 22 de novembro de 2009

Os Fivestars

Este texto é dedicado aos Fivestars de Cabeceiras de Basto… Neste ano lectivo foram-me atribuídas 6 turmas, 3 do sétimo ano, 1 do oitavo, uma da noite à qual lecciono duas áreas diferentes e uma turma do 11º ano do ensino profissional. Estava ansiosa por voltar ao ensino regular, pois gosto de motivar os alunos para a história através da elaboração de recursos diferentes ou simplesmente através da palavra. Sobre a educação e a formação de adultos em regime nocturno continuo a não ter uma opinião muito favorável, os temas do referencial são áridos e desajustados à realidade do país, torna-se muito mais complicado motivar os alunos. Provavelmente, serei eu que não estou a desenvolver um bom trabalho ou então que não tenho o perfil e a motivação necessários para este ensino. Este ano lectivo marcou também o meu regresso ao ensino profissional, onde trabalhei numa escola dedicada a este tipo de ensino durante cinco anos. E desses cinco anos o que ficou retido na minha memória foram os alunos…tive turmas inesquecíveis na escola profissional com quem partilhei lágrimas e muitas alegrias. A turma deste ano parece confirmar a regra, são quinze jovens simpáticos que defendem a integração e inclusão social, inclusive dos professores. Recebem-me sempre com sorriso na face por muito aborrecidos se encontrem, não é possível passar uma aula sem soltar uma gargalhada e quando entro na sala 17, os meus problemas ficam definitivamente à porta. Os elementos do sexo feminino, apesar de estarem em minoria, transmitem sensibilidade e empenho, tornando a turma muito completa e atenta aos problemas dos outros. Uma conversa com os alunos desta turma revela que estes têm opiniões formadas, embora por vezes resvalarem para a parvoíce, demonstram reflexão, sentido crítico e principalmente, muito sentido humor. Foi neste âmbito que surgiu a formação da Fivestars, uma banda de música, constituida por cinco elementos da turma, que não sabe tocar, nem cantar, ainda nem decidiu que tipo de música irá representar mas que já tem fãs e admiradoras por toda a escola. Eu fui agraciada com uma fotografia autografada da banda que guardo com muita simpatia e carinho. Os elementos desta turma pela sua simpatia, pela sua idade (muito mais velhos em comparação com os restantes), pela sua beleza deslumbram os alunos da escola e fazem suspirar muitas meninas e meninos. Espero poder continuar a contar com eles para passar bons momentos de ensino e aprendizagem.

sábado, 14 de novembro de 2009

Don't you cry...

Uma nova versão de uma canção dos Guns and Roses fez-me entrar numa máquina do tempo e viajar até ao mês de Agosto e ao ano de 1992. Nesse ano ao som desse tema a minha vida mudou. Até então tinha tido as minhas paixões e amores de adolescente, muito intensas e vividas mas sem consequências futuras. Naquele dia tudo mudou. Ao iniciar uma nova relação percebi o quanto um sentimento profundo pode mudar uma personalidade e quem sabe até a minha vida futura. O meu pragmatismo e a firmeza de carácter foram facilmente debilitadas por uma torrente de emoções que toldavam constantemente a minha forma de pensar. A relação não resultou porque tínhamos formas de estar e de viver incompatíveis e infelizmente não conseguimos ultrapassar esses diferendos. Hoje sei que se estivesse com ele não seria a mesma pessoa e provavelmente também não seria feliz. Porém, não posso esquecer o quanto uma relação pode modificar a filosofia de vida, as crenças, as expectativas. Voluntária ou involuntariamente até hoje não voltei a sentir o mesmo, prosseguimos com as nossas vidas. Porém, voltar a viver aqueles momentos, aquelas emoções, traz-me alguma inquietação, algum aperto no coração e muitas recordações tocantes…

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Em Cabeceiras de Basto...

O ano lectivo teve o início habitual…ansiedade em saber os níveis a leccionar, em conhecer o horário, a nova escola, os novos colegas, os novos alunos…todas as novidades. Foi com bons auspícios que atravessei o portão do espaço escolar… e fui extremamente bem recebida quer pelos funcionários da secretaria quer pela direcção. O desassossego comum desta fase da minha vida e provavelmente da maioria dos professores tomou conta de mim durante o mês seguinte. Entre reuniões, planificações, preparações de aulas e materiais didácticos, o tempo era pouco, as refeições tomadas a correr e as horas de sono sobressaltadas e sempre em número reduzido. Finalmente a estabilidade começa a entrar na vida profissional e os dias começam a passar de forma mais vulgar. O meu horário é misto, o que significa que tenho aulas em regime nocturno e diurno. O que se verificou ser muito cansativo… acrescido das viagens que são longas visto que faço mais de 170 quilómetros diários. As costas queixam-se…as horas para descansar são reduzidas e por vezes insuficientes para recuperar ânimo e forças. Para uma melhor compreensão… à terça-feira saio de casa perto das 10 horas da manhã e chegando a casa pelas 23h30. Neste dia não há tempo para almoçar pois a hora de almoço está reservada para uma reunião, segue-se uma tarde para o cumprimento das funções do cargo para o qual fui nomeada (coordenadora de subdepartamento) e pelas 19h15 volto a leccionar até às 22h15m. No dia seguinte pelas 8h30 já estou na estrada para um novo dia de trabalho que terminará pelas 23h quando soar a campainha do toque de saída. No dia seguinte poucas horas após ter iniciado o meu descanso regresso à estrada à mesma hora do dia anterior. O cansaço que revelava na primeira semana de aulas obrigou-me a pensar na melhor forma para aguentar este ritmo. O primeiro impulso foi procurar um local em Cabeceiras de Basto onde me pudesse estabelecer, mas o que encontrei não me agradou por razões várias desde o preço às condições apresentadas. Chamei então à memória uma referência às Residenciais existentes na vila, feita pela directora da escola no primeiro dia de Setembro. As condições da primeira que visitei satisfizeram-me. Assim, após uma pequena conversa com a dona consegui um preço especial e na próxima semana ficarei a residir em Cabeceiras de Basto nos dias em que tenho de leccionar à noite.
Entretanto e porque felizmente o trabalho não ocupa totalmente o meu tempo, fui a Almada, estive com amigos e com os meus familiares maternos e quando fiquei por Braga, também passei bons momentos com alguns colegas da escola onde leccionei no ano passado. Saliento as “noites de mulheres” com a Esmeralda e a Xana sempre animadas e com conversas bastante agradáveis.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

As férias que passaram a correr...

Contra as expectativas, as férias passaram num ápice e foram bastante agradáveis deixando uma recordação bastante agradável… Nos primeiros dias estive em Almada, dando umas voltas pela cidade e arredores. Fui até praia na Costa da Caparica e na Arrábida. Adoro a praia da Arrábida, onde o mar se encontra com a serra, ali a natureza toma conta de nós…quando mergulhamos no mar azul mas gélido tendo o verde da vegetação à nossa frente é uma sensação portentosa!
Nos dias seguintes fui até Vila Nova de Milfontes. Conheci esta vila através da minha amiga Rita cujas origens maternas remontam precisamente ao litoral alentejano. Já há muitos anos que apenas passava na Vila mas não pernoitava. Foram verdadeiros dias de férias, descanso, praia e diversão. Na última semana o meu tempo dividiu-se entre almoços, lanches e jantares com familiares e amigos e nessa semana fui surpreendida com a minha colocação…pela primeira vez (após 13 anos a tentar) consegui ficar nesta fase do concurso com um horário completo. O meu coração encheu-se de alegria…apesar de ter ficado muito longe de casa…Cabeceiras de Basto aí vou eu. A primeira impressão da escola foi muito positiva…apesar dos quilómetros assustarem.
Pelo meio das férias ficou a proposta, sonhada mas não concretizada graças ao Ministério da Educação, do Carlos Fontes da escola de Maximinos para prosseguir com o meu trabalho neste estabelecimento. O meu reconhecimento para com ele será sempre imenso.

domingo, 2 de agosto de 2009

De FÉRIAS

Finalmente de férias e em Almada. Este início de férias causa-me alguma estranheza…o final de um ano lectivo é sempre muito cansativo mas simultâneamente muito intenso em termos emotivos…as despedidas de alunos e colegas são sempre comoventes nomeadamente quando alguns colegas se tornam bons amigos. Este ano lectivo pelas dificuldades que enfrentei tornava-se ainda mais premente o desejo de férias e o regresso a casa. Assim…o início de férias é sempre sinónimo de alívio e de descanso. Porém, este ano sinto uma enorme nostalgia. Tal como já havia dito…os últimos dias na escola foram muito intensos, com muito trabalho mas com muitas emoções à mistura e sinto algumas saudades, principalmente da querida Esmeralda. E o meu regresso à escola que era impensável há uns meses tornou-se plausível na minha mente. Sei que um dos coordenadores com quem trabalhei moveu mundos e fundos para que eu ficasse na escola e se essa hipótese fosse viável eu teria aceite com bastante satisfação.
Nestes primeiros dias de férias tenho aproveitado para colocar o sono em dia, ler alguma coisa e voltar a ambientar-me na minha cidade. Lá para Setembro, espero já ter mais notícias sobre as colocações e sobre o meu novo desafio de trabalho.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O regresso ao diário e os concursos…

Durante muito tempo estive ausente do meu diário…o que se passou? Bastante trabalho e falta de disposição para passar mais algum tempo a olhar para o ecrã do computador…Finalmente as férias aproximam-se, as avaliações dos cursos EFA estão efectuadas, as actas terminadas e assinadas, as histórias de vida do RVCC estão lidas e analisadas, os relatórios prontos e ultimam-se os pormenores…
Neste ano lectivo abracei outro projecto que foi dar formação na Cruz Vermelha Portuguesa capítulo que vou também encerrar hoje à noite.
Esta semana é uma semana muito complicada para mim…para além do fim do ano lectivo e das emoções inerentes, despedida de alunos e professores…tenho que manifestar preferências para o concurso do próximo ano lectivo… Este processo é muito complicado e cria muitas dúvidas e principalmente muita ansiedade, pois quem está envolvido sabe que é tudo uma questão de sorte…é verdade! É bem mais fácil jogar no Euromilhões e acertar na chave vencedora do que tomar a opção certa na manifestação de preferências no concurso dos docentes contratados. As implicações são enormes, um azar poderá prejudicar a não só o próximo ano lectivo mas comprometer o nosso futuro profissional. Nós temos que optar entre horários completos, pouco completos, incompletos ou muito incompletos…em todas as escolas do país ou só perto de casa? E horários temporários ou não? Que confusão… Posso escolher um horário incompleto (que significa corte no salário e no tempo de serviço) e ser chamada para essa escola e no dia seguinte serem colocados 10 pessoas com um horário melhor e que me irão passar à frente na lista no ano seguinte…Então qual o interesse de um horário incompleto???
Porque posso não conseguir nada melhor e é a única forma de trabalhar…
Bom, tenho que decidir e tentar esquecer tudo isto até Setembro…até porque para a semana entro de férias, vou voltar para Almada e quero aproveitar para matar saudades, divertir e gozar muita praia!!!

sábado, 6 de junho de 2009

Theatro Circo e RVCC

Regresso ao meu diário após uma ausência provocada por algum cansaço e desmotivação. Mas regresso para relatar dois bons momentos neste meu percurso pelo ensino de adultos. O primeiro ocorreu a 15 de Maio. Nesta noite conjuntamente com os formandos das minhas 4 turmas dos cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) realizei uma interessante visita à sala de espectáculos de Braga, o Theatro Circo. Esta visita contemplou os espaços sociais, o palco, os bastidores e toda a mecânica de cena que envolve um espectáculo. Fomos acompanhados de forma eloquente e conhecedora pelo director técnico do Theatro Circo, Celso Ribeiro que ao longo de quase duas horas nos deslumbrou ao desvendar todos os espaços e recantos da sala de espectáculos.
A maioria dos formandos gostou e participou na visita. A noite terminou com um pequeno convívio entre alguns professores e alunos. Foi uma noite extremamente bem passada e muito enriquecedora. As fotografias apresentadas foram tiradas por um aluno da turma H, aqui retratada à porta do Theatro Circo conjuntamente com a professora Susana e comigo.
Ontem, dia 5 de Junho, viveu-se mais um dia de grandes emoções na escola. Pela primeira vez foram reconhecidas, validadas e certificadas competências de nível secundário a adultos que frequentaram as sessões deste processo no Centro de Novas Oportunidades da escola. O culminar do processo de demonstração de competências acontece numa sessão de júri pública, em que o adulto apresenta oralmente o portefólio que construiu. Este momento foi carregado de emotividade e vivido intensamente por todos os envolvidos, avaliador externo, equipa técnica-pedagógica (onde me incluí), pelos adultos que adquiriram o certificado de nível secundário e pelos colegas que assistiram. Momentos únicos que todos não vamos esquecer para os quais trabalhámos arduamente durante todo o ano lectivo. Senti um grande orgulho de participar

domingo, 17 de maio de 2009

Mais um ano de vida

Ainda há poucos dias completei mais um ano de vida…os dias vão passando e a minha vida é tão banal e rotineira, que foi apenas mais um dia. Confesso que, embora por vezes tenha essa tentação, as celebrações já não me entusiasmam e raramente acontecem. Enquanto os dias, os meses e os anos vão passando questiono-me frequentemente se sou feliz. E o que é isto da felicidade que todos perseguem? Não sou casada, neste momento, nem mesmo tenho alguém ao meu lado, não tenho filhos…com a minha idade é uma situação já pouco usual. Confesso que no campo pessoal, o meu passado é algo vazio e com pouco significado. Daí que sinta alguma falta de paixão e emoção na minha vida rotineira. Sei que não vou encontrar o tal, o príncipe, a minha cara-metade, sou completamente descrente no que diz respeito à sua existência e e à sua aparição inesperada.
Tenho, porém, alguns outros deleites que me proporcionam momentos bem primorosos e que aconchegam a minha alma ou interior… Um bom filme no cinema ou em casa…um livro que me vicia e envolve na sua narração, um mergulho no mar, um bom vinho, uma música que me faz sonhar num vasto caudal de emoções, um almoço de família acompanhado por muitas gargalhadas; uma viagem ao desconhecido, descobrir e saber um pouco mais; a alegria nos olhos dos que mais amo; um convívio com pessoas a quem posso intitular de amigos!
Estes pequenos e dispersos eventos recheiam a minha vida com algum brilho e prazer. Serão momentos de felicidade? É uma incógnita. Não me sinto amargurada e muito menos infeliz. Procuro não reflectir obstinadamente nas lacunas que existem na minha vida, mas sim aproveitar a oportunidade de desfrutar os momentos aprazíveis que me são proporcionados.

sábado, 25 de abril de 2009

A Páscoa no Minho

Estou em falta com o meu diário…pois há vários dias que não escrevo nada. Posso dizer que os dias de interrupção lectiva foram muito revigorantes para mim e que me sinto muito melhor.
Quando estive em Almada foi possível estar com muitos amigos com quem conversei e convivi de forma divertida. Ainda ficaram alguns em lista de espera, visto que os dias foram poucos e a Páscoa foi passada aqui em Marrancos, como é tradição familiar há muitos anos. A Páscoa no norte do país é uma festa com muito simbolismo e bastante significado para a Igreja Católica. Apesar de não ser praticante, considero que no aspecto social é uma festa bastante interessante. Resumidamente, a Páscoa assinala a ressurreição de Cristo que na cruz vai ao encontro dos crentes nas suas casas. A visita de Cristo às casas das pessoas leva-as a abrilhantar os seus lares e a convidarem os seus familiares e amigos a estarem presentes nessa hora. E como sabemos, as pessoas de Minho são hospitaleiras por natureza e sabem receber, oferecendo comida e bebida em fartura aos seus convidados. É também uma oportunidade única de convivência e de fraternidade entre familiares e amigos. Tornando-se numa festa com muita alegria, apesar de ao fim do dia estarmos cansados de comer e de correr de casa em casa.
E foi com muita energia que regressei ao trabalho no dia seguinte......

sexta-feira, 27 de março de 2009

Uma experiência de vida milionária

No início do ano lectivo quando recebi o meu horário, verifiquei que iria estar a trabalhar com o reconhecimento e validação de competências (RVC). Para perceber um pouco melhor este sistema frequentei uma acção de formação da responsabilidade da Agência Nacional para a Qualificação em parceria com a Universidade do Minho. Em traços muito gerais, o RVC significa que a experiência de vida pode ensinar-nos tanto ou ainda mais que o ensino tradicional associado à escola. De forma mais concreta, através de uma reflexão da sua história de vida, um adulto pode ser certificado num ou mais graus de ensino (6º ano básico, 9º ano básico, ou secundário). Existe um referencial onde se encontra uma listagem de competências que os adultos deverão demonstrar. Inicialmente estranha-se a ideia, será possível que existam pessoas com histórias de vida tão riquíssimas? Depois, conhecemos o grupo de pessoas com quem vamos trabalhar e lemos as suas histórias produtivas e soberbas e concluímos que em certos casos a ideia faz todo o sentido.
Na passada segunda-feira fui ao cinema e assisti ao oscarizado “Quem quer ser bilionário?” e reconheci na tela um exemplo de RVC, um menino de um bairro de lata que adquiriu uma série de conhecimentos através da sua experiência de vida… E confirmei a ideia de que os passos que damos na vida nos ensinam tanto ou mais que a escola, não é facilmente aceitável. Para o grupo de adultos que estou acompanhar a sua experiência de vida proporciona-lhe reconhecimento pessoal e escolar. No filme, a experiência de vida torna-se milionária.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Concursos, Avaliação e TGV

Na semana passada vários acontecimentos marcaram a minha vida.
Em primeiro lugar a abertura do concurso para o quadro de professores. Havia muita expectativa em relação a este concurso, pelo menos da minha parte, desde há 3 anos que não abriam vagas para os quadros, o número de professores a reformar-se, durante este período de tempo, era bastante significativo, o Ministério anunciava a criação de milhares de vagas para contribuir para a estabilidade nas escolas. As expectativas saíram goradas quando os números foram publicados, era preciso que as vagas fossem triplicadas para que eu sonhasse poder entrar para o quadro de uma escola. Ainda pior é a consequência…se são precisas 3 vezes mais vagas e os concursos têm lugar de 4 em 4 anos…só poderei pensar na possibilidade de entrar para o quadro pelo menos daqui a 12 anos. A entrada num quadro de escola traz a estabilidade de saber que vou ter emprego e que poderei progredir na carreira. É demasiado punitivo para quem já deu tanto aos alunos e às escolas do país continuar a não ser respeitado pela entidade empregadora, o Ministério da Educação. Solução: deixar de ser docente? Não me parece que fosse feliz!
Perspectiva: continuar a ser contratada todos os anos sem saber se haverá vagas para mim, onde irei trabalhar e quanto vou ganhar.
Como contratada que sou…corro vários riscos entre eles, não poder voltar a concorrer caso não respeite a lei e com isto quero dizer que, apesar de não concordar inteiramente com a proposta de avaliação do Ministério da Educação, pedi para ser avaliada. Como disse na escola, como decidi ir à guerra resolvi ir munida com todas as armas que estão ao meu alcance, para tal solicitei ter aulas assistidas. Só assim poderei obter a classificação de Muito bom ou Excelente. Na segunda-feira à noite realizou-se a minha primeira aula assistida que, apesar de alguns percalços habituais para quem lecciona, e segundo a minha perspectiva, correu bem. Os formandos foram fantásticos e sensibilizaram-me pela forma como se disponibilizaram para me ajudar, numa atitude quase protectora. A primeira conversa com a avaliadora, após a observação, foi bastante esclarecedora e motivadora. Parece-me uma pessoa bastante profissional, com conhecimentos e experiência notáveis. Sinto-me mais confiante e nada arrependida de ter iniciado este processo.
Claro que esta aula assistida implicou muitas horas de preparação, de tensão e por oposição poucas horas de sono. Mas agora sinto um grande alívio.
E o TGV…como entra o “comboio relâmpago” na minha vida?? Que estranho! Mas é verdade…no café onde costumo ir durante o fim-de-semana tomei conhecimento através do edital da Câmara Municipal que o traçado mais provável da linha Porto-Vigo do TGV irá cruzar a aldeia de Marrancos. Fiquei triste, Marrancos é uma aldeia minhota que apesar de ser atravessada pela estrada nacional mantêm características rústicas e preciosas, como o verde dos campos, o canto dos pássaros, as pequenas colinas que enlaçam vales tornando-os acolhedores. E a paisagem que pode ser apreciada no monte da Senhora da Guia é espantosa, em dias de céu limpo é possível observar o mar. A perspectiva da aldeia ser atravessada por um comboio de alta velocidade não é muito agradável e não consigo conceber Marrancos a perder as características que tornam a tão única.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Um raio de sol chamado Inês

O Sol voltou aos nossos dias e a Primavera espreita tentando fazer esquecer o terrível Inverno que passámos. Com o calor do Sol o meu espírito aqueceu ligeiramente e ganhei algum ânimo para enfrentar as batalhas tenebrosas que continuam a ter lugar no meu local de trabalho. Hoje, porém, para além do dia bonito algo mais me animou e emocionou. Ao passar os olhos pelo blogue de uma aluna da escola de Vale de Milhaços, verifiquei que ela tinha me dedicado algumas palavras extremamente simpáticas e principalmente que me emocionaram. A Inês escreveu e passo a citar (espero que ela não se aborreça por tal acontecer): “…por fim, mas não menos importante, a Stora Ana =) porque por momentos fez me acreditar em mim mesma e oferecia aquelas aulas que toda a turma gostava e porque até aos dias de hoje, ainda não deixei de falar com ela. Obrigada por todas as vezes que me ajudou ou tentou ajudar e pelas conversas divertidas…”.Foi um raio de sol que iluminou o meu dia e que me deu alento. Pois, para as pessoas mais importantes em todo este processo, os alunos, o meu trabalho é válido e por vezes até relevante. E são estas palavras que eu tenho de recordar nos momentos mais críticos. Eu é que devo dizer, obrigada Inês. Devo também agradecer a todos os alunos que me vão deixando mensagens simpáticas de carinho e ânimo no blogue, são todos muito amáveis e como sabem estão todos no meu coração. Os alunos são a razão do meu trabalho e esforço.
Outras inquietações assaltam-me a alma, a minha mãe adoeceu e teima em não recuperar, alguns amigos estão a passar fases, mais ou menos, preocupantes nas suas vidas, nomeadamente nos seus casamentos. É aflitivo para mim e agrava o meu sofrimento verificar que sou impotente para ajudar as pessoas que mais amo.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carnaval foi sinónimo de paz espírito e não de muita folia

É verdade. No fim-de-semana passado fui até Almada e ao deslocar-me até lá fiquei com a sensação que os problemas, a ansiedade e os aborrecimentos iam ficando para trás à medida que o carro ia avançando. Foram dias calmos, sem preocupações e com oportunidade para estar com algumas pessoas que me são muito queridas. Podia pensar que voltaria renascida e com mais força para enfrentar os próximos tempos…
Porém, e infelizmente não foi bem assim. Ao chegar à escola voltei a sentir o incómodo que o mau ambiente instalado provoca, revivi os maus momentos. Foi como se nunca tivesse saído dali e continuasse a mesma angústia. O que se reflecte também em termos físicos, é como se perdesse saúde cada vez que entro na escola. Sinto-me cada vez mais fragilizada. Mas também tenho esperança… Esperança que eu tenha forças suficientes para ultrapassar estes momentos ou que tudo isto não passe de desentendimentos fúteis, insignificantes mas sobretudo passageiros. E que no Verão ainda recorde com alguma saudade este ano lectivo e sobretudo que tenha aprendido e crescido enquanto docente.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A luta pela sobrevivência

A situação na escola agudizou-se e senti-me muito debilitada após ter sido humilhada e maltratada publicamente. Sei que foi uma situação pontual e apenas por uma colega, porém provocou muita mágoa e não consegui manter a minha força desabando em frente de outros. Continuo a pensar que ninguém merece o desprezo e a humilhação pública apenas por ter formas de trabalhar ou pensar diferentes. O desespero tomou conta de mim, fiquei doente, não conseguia dormir, comer e as lágrimas brotavam dos olhos sem razão. Como a saúde tornou-se primordial na minha vida, decidi que não poderia manter a situação e procurei as entidades competentes para saber as consequências profissionais de uma rescisão do contrato com a escola. Sim, é verdade. Eu tomei as medidas necessárias para que tal acontecesse, para mim era e é impensável trabalhar em ambiente conflituoso e com pessoas com más intenções. Era a única solução apesar das consequências negativas em termos profissionais que isso me pudesse acarretar. De que serve ter um emprego quando não temos saúde ou não somos felizes…. Lamentavelmente as consequências em termos de futuro são mais penosas do que eu imaginava. O que me levou a ponderar se o que eu construí com tanto esforço e sacrifício e que é a minha frágil carreira profissional deveria ser destruída por uma única pessoa. Simultaneamente tive o apoio e o carinho de alguns colegas que foram excepcionais e me deram alguma força. Não aprecio nomear as pessoas mas gostaria de deixar o meu obrigada muito sentido, à Catarina, à Susana, à Fernanda, à Xana, à fantástica Esmeralda e ao Carlos que mesmo de atestado médico após ter sido submetido uma cirurgia transmitiu-me palavras de apreço e de amparo. Provavelmente quem deveria ter mostrado solidariedade não o fez…mas consegui encontrar dentro de mim um alento que me fez levantar a cabeça e prosseguir. Vivo um dia de cada vez, sem alegria na minha profissão, como sempre foi meu apanágio, conto os dias, as horas, para o fim-de-semana e para o final do contrato. Cada dia na escola é um sufoco.
Como andava tão magoada e tristonha, resolvi aceitar o convite da Sueli para o seu aniversário. A Sueli é filha do dono do café onde posso estar com alguns amigos de Marrancos, já que é o nosso ponto de encontro de fim-de-semana. Segui um grupo de amigos até uma discoteca da zona onde o Filipe, principalmente, e o Fernando me fizeram companhia e ajudaram a esquecer a minha tristeza e cheguei a ouvir umas tímidas gargalhadas provenientes da minha pessoa. Entretanto fiz uma curta passagem pelas “grandiosas festividades do S. Brás” em Marrancos.
No Carnaval vou a Almada tentar encontrar forças e energia para continuar a sobreviver.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

De volta à rotina!

Estou de volta à rotina do trabalho...O ambiente entre os professores que ensinam os cursos EFA, na escola, está péssimo e a situação tem vindo a deteriorar-se ao longo deste mês. A situação começou a afectar-me, durmo mal, tenho grandes dificuldades em adormecer. Sou por natureza preocupada e atenta mas também sou exigente comigo e extremamente profissional e como penso em primeiro lugar nos alunos/formandos a situação está a perturbar-me. Tenho receio que toda esta situação transpareça para os alunos e que estes sejam prejudicados. Na Educação e Formação de Adultos é fundamental o trabalho cooperativo, os formadores devem e é obrigatório trabalhar em equipa e em parceria. Quando o grupo não se entende, isso reflecte-se claramente no trabalho realizado. É por esta razão que vou andando com algumas preocupações e inquietações. Com o desejo que este pesadelo termine rapidamente ou que seja o ano lectivo a acabar prontamente.
No fim-de-semana recebi uma visita muito agradável de um aluno do ano lectivo transacto da escola de Vale de Milhaços, foi muito simpático e o tempo voou a matar saudades. Foi um momento diferente no meio de toda a agitação.
Espero voltar ao meu diário bem mais disposta e alegre.............até lá!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O novo ano chegou...

A interrupção lectiva avança de forma célere para o fim. Tento aproveitar eficazmente todos os instantes que me separam do meu regresso a Marrancos e a Braga. A última noite do ano 2008 foi passada em Almada na festa organizada pela Câmara Municipal. O fogo-de-artifício foi lançado junto ao rio Tejo tendo como cenário a fragata D. Fernando e Glória II. A noite estava agradável e a chuva conteve-se enquanto a festa durou. Os momentos da passagem de ano foram partilhados com milhares de pessoas, o que me agrada, por princípio, e em particular com uns colegas da Faculdade e com o meu amigo Jorge. No meio das conversas trocadas, uma das pessoas, que se encontrava comigo, dizia que para ela o ano 2008 não devia ter existido, insinuando que problemas sentimentais haviam-lhe arruinado o ano, trazendo-lhe problemas de saúde. Fiquei a reflectir sobre aquelas palavras…Será que também pretenderia retirar este ano do calendário da minha vida?
O que me trouxe o ano 2008?
Em termos profissionais, estive colocada na escola de Vale de Milhaços, onde gostei muito de desenvolver o meu trabalho pelas características dos alunos. As relações estabelecidas com os discentes e com colegas foram excelentes. Por ter horário incompleto, durante 3 meses acumulei com um horário nocturno na escola onde frequentei o ensino secundário. Tive oportunidade de leccionar a adultos, o que já não acontecia há mais de oito anos. O final do ano conduziu-me a novas experiência com os cursos EFA e o processo de RVCC e ainda à mudança de casa até ao norte do país. Estas ocorrências não me permitem lamentar.
Em termos pessoais, mantive as amizades que são de extrema importância, para mim. Passei bons momentos com os meus amigos, fiz novas amizades através da pós-graduação, principalmente, a minha querida Telma. Por falar em pós-graduação, terminei a minha especialização com resultados acima das minhas expectativas. Consegui ultrapassar algumas das minhas inseguranças, desenvolvendo um dos meus maiores interesses, estudar, aprender, saber mais.
Ainda não foi em 2008 que me cruzei com alguém com quem desejasse partilhar a minha vida…porém já me conformei em relação à ideia da não existência do príncipe encantado reservado para mim… E esse conformismo não me acarreta especial tristeza ou infelicidade.
Foi com muita dor que vivi a perda da minha tia Zizinha no início do ano. No plano da saúde, o surgimento repentino, em Maio, do carcinoma e a sua excisão trouxe, para além do susto, uma nova perspectiva de vida baseada no receio e na preocupação de uma possível recaída ou no aparecimento de outros problemas de saúde. Mas, por outro lado, revelou-me quão frágil e breve pode ser a nossa vida. Hoje, provavelmente, aprecio e valorizo mais momentos frugais proporcionados pela companhia da minha mãe e restante família, pelas conversas trocadas com os amigos, pela leitura de um bom livro, por um bom filme, uma boa música ou simplesmente pelo sossego. As experiências, as vivências e as lições de 2008 não são, definitivamente, para desprezar… Assim no calendário da minha vida o ano que agora terminou não poderá nem será para esquecer.