sexta-feira, 27 de março de 2009

Uma experiência de vida milionária

No início do ano lectivo quando recebi o meu horário, verifiquei que iria estar a trabalhar com o reconhecimento e validação de competências (RVC). Para perceber um pouco melhor este sistema frequentei uma acção de formação da responsabilidade da Agência Nacional para a Qualificação em parceria com a Universidade do Minho. Em traços muito gerais, o RVC significa que a experiência de vida pode ensinar-nos tanto ou ainda mais que o ensino tradicional associado à escola. De forma mais concreta, através de uma reflexão da sua história de vida, um adulto pode ser certificado num ou mais graus de ensino (6º ano básico, 9º ano básico, ou secundário). Existe um referencial onde se encontra uma listagem de competências que os adultos deverão demonstrar. Inicialmente estranha-se a ideia, será possível que existam pessoas com histórias de vida tão riquíssimas? Depois, conhecemos o grupo de pessoas com quem vamos trabalhar e lemos as suas histórias produtivas e soberbas e concluímos que em certos casos a ideia faz todo o sentido.
Na passada segunda-feira fui ao cinema e assisti ao oscarizado “Quem quer ser bilionário?” e reconheci na tela um exemplo de RVC, um menino de um bairro de lata que adquiriu uma série de conhecimentos através da sua experiência de vida… E confirmei a ideia de que os passos que damos na vida nos ensinam tanto ou mais que a escola, não é facilmente aceitável. Para o grupo de adultos que estou acompanhar a sua experiência de vida proporciona-lhe reconhecimento pessoal e escolar. No filme, a experiência de vida torna-se milionária.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Concursos, Avaliação e TGV

Na semana passada vários acontecimentos marcaram a minha vida.
Em primeiro lugar a abertura do concurso para o quadro de professores. Havia muita expectativa em relação a este concurso, pelo menos da minha parte, desde há 3 anos que não abriam vagas para os quadros, o número de professores a reformar-se, durante este período de tempo, era bastante significativo, o Ministério anunciava a criação de milhares de vagas para contribuir para a estabilidade nas escolas. As expectativas saíram goradas quando os números foram publicados, era preciso que as vagas fossem triplicadas para que eu sonhasse poder entrar para o quadro de uma escola. Ainda pior é a consequência…se são precisas 3 vezes mais vagas e os concursos têm lugar de 4 em 4 anos…só poderei pensar na possibilidade de entrar para o quadro pelo menos daqui a 12 anos. A entrada num quadro de escola traz a estabilidade de saber que vou ter emprego e que poderei progredir na carreira. É demasiado punitivo para quem já deu tanto aos alunos e às escolas do país continuar a não ser respeitado pela entidade empregadora, o Ministério da Educação. Solução: deixar de ser docente? Não me parece que fosse feliz!
Perspectiva: continuar a ser contratada todos os anos sem saber se haverá vagas para mim, onde irei trabalhar e quanto vou ganhar.
Como contratada que sou…corro vários riscos entre eles, não poder voltar a concorrer caso não respeite a lei e com isto quero dizer que, apesar de não concordar inteiramente com a proposta de avaliação do Ministério da Educação, pedi para ser avaliada. Como disse na escola, como decidi ir à guerra resolvi ir munida com todas as armas que estão ao meu alcance, para tal solicitei ter aulas assistidas. Só assim poderei obter a classificação de Muito bom ou Excelente. Na segunda-feira à noite realizou-se a minha primeira aula assistida que, apesar de alguns percalços habituais para quem lecciona, e segundo a minha perspectiva, correu bem. Os formandos foram fantásticos e sensibilizaram-me pela forma como se disponibilizaram para me ajudar, numa atitude quase protectora. A primeira conversa com a avaliadora, após a observação, foi bastante esclarecedora e motivadora. Parece-me uma pessoa bastante profissional, com conhecimentos e experiência notáveis. Sinto-me mais confiante e nada arrependida de ter iniciado este processo.
Claro que esta aula assistida implicou muitas horas de preparação, de tensão e por oposição poucas horas de sono. Mas agora sinto um grande alívio.
E o TGV…como entra o “comboio relâmpago” na minha vida?? Que estranho! Mas é verdade…no café onde costumo ir durante o fim-de-semana tomei conhecimento através do edital da Câmara Municipal que o traçado mais provável da linha Porto-Vigo do TGV irá cruzar a aldeia de Marrancos. Fiquei triste, Marrancos é uma aldeia minhota que apesar de ser atravessada pela estrada nacional mantêm características rústicas e preciosas, como o verde dos campos, o canto dos pássaros, as pequenas colinas que enlaçam vales tornando-os acolhedores. E a paisagem que pode ser apreciada no monte da Senhora da Guia é espantosa, em dias de céu limpo é possível observar o mar. A perspectiva da aldeia ser atravessada por um comboio de alta velocidade não é muito agradável e não consigo conceber Marrancos a perder as características que tornam a tão única.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Um raio de sol chamado Inês

O Sol voltou aos nossos dias e a Primavera espreita tentando fazer esquecer o terrível Inverno que passámos. Com o calor do Sol o meu espírito aqueceu ligeiramente e ganhei algum ânimo para enfrentar as batalhas tenebrosas que continuam a ter lugar no meu local de trabalho. Hoje, porém, para além do dia bonito algo mais me animou e emocionou. Ao passar os olhos pelo blogue de uma aluna da escola de Vale de Milhaços, verifiquei que ela tinha me dedicado algumas palavras extremamente simpáticas e principalmente que me emocionaram. A Inês escreveu e passo a citar (espero que ela não se aborreça por tal acontecer): “…por fim, mas não menos importante, a Stora Ana =) porque por momentos fez me acreditar em mim mesma e oferecia aquelas aulas que toda a turma gostava e porque até aos dias de hoje, ainda não deixei de falar com ela. Obrigada por todas as vezes que me ajudou ou tentou ajudar e pelas conversas divertidas…”.Foi um raio de sol que iluminou o meu dia e que me deu alento. Pois, para as pessoas mais importantes em todo este processo, os alunos, o meu trabalho é válido e por vezes até relevante. E são estas palavras que eu tenho de recordar nos momentos mais críticos. Eu é que devo dizer, obrigada Inês. Devo também agradecer a todos os alunos que me vão deixando mensagens simpáticas de carinho e ânimo no blogue, são todos muito amáveis e como sabem estão todos no meu coração. Os alunos são a razão do meu trabalho e esforço.
Outras inquietações assaltam-me a alma, a minha mãe adoeceu e teima em não recuperar, alguns amigos estão a passar fases, mais ou menos, preocupantes nas suas vidas, nomeadamente nos seus casamentos. É aflitivo para mim e agrava o meu sofrimento verificar que sou impotente para ajudar as pessoas que mais amo.