A profissão de professora é uma batalha constante… um professor enfrenta situações novas todos os anos: escola nova, alunos novos, regras novas, materiais novos…emoções novas! Enquanto professora procuro sempre marcar os meus alunos, apaixoná-los pelo conhecimento, pela curiosidade, fomentar o seu espírito crítico. E se puder transmitir alguma da minha paixão pela História, então, sinto-me realizada.
Senti um grande orgulho quando o meu antigo aluno Telmo me confidenciou que na altura de escolher, optou pela área de Humanísticas e das Ciências Sociais e que essa opção se devia a alguma influência dos professores de História, grupo no qual me incluo. O Telmo foi meu aluno no 7º ano, em Almada, neste momento frequenta o 11º ano. Lembro-me muito bem deste aluno, realizou um trabalho de grupo sobre a Romanização em Portugal, para tal convenceu e motivou os colegas a viajar à procura das ruínas Romanas em Portugal. Tinha (espero que ainda tenha…) uma paixão contagiante e a que era difícil ficar indiferente.
Ao longo da minha já longa carreira espero ter suscitado mais paixões em mais alguns alunos, esse é o meu objectivo quando desempenho a minha função.
Os professores, por vezes, encontram muitos obstáculos para exercer a nossa função…as condições físicas da escola que não permitem o envolvimento desejado, as dificuldades e problemas que são inerentes aos próprios alunos, alguns colegas que entravam o trabalho a desenvolver.
Uma das dificuldades que sinto quando exerço a minha profissão é estabelecer as fronteiras no relacionamento dos alunos. Estabeleço como fronteira, pela negativa, o uso da violência. Não sou apologista do clima de temor e de dor que a violência gera, não considero que seja propício para a aprendizagem. Pela positiva é mais complexo determinar a fronteira. Procurei sempre estabelecer um relacionamento sincero com alunos, ajudando-os e procurando compreendê-los. Criando um clima mais agradável na sala de aula a aprendizagem poderá ser desenvolvida mais facilmente tornando também, mais simpática a função de ensinar. Mas a verdade é que passo várias horas com os alunos partilhando inúmeros momentos com eles, é impossível ocultar o sentimento de amizade que vai crescendo dentro de mim. Aqui nasce a complexidade da delimitação da fronteira… os sentimentos não são controlados pela razão e obviamente que influenciam a nossa forma de agir. Exercer a tarefa de docência torna-se delicada. Em consciência opto por não esconder o que sinto pelos alunos porém, no momento da avaliação procuro agir com a maior integridade e imparcialidade de forma a não prejudicar nenhum deles.