sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Desabafo...

Por vezes sinto necessidade de desabafar mas nem sei como dizer nem a quem dizer...
A minha forma de manter o equilíbrio mental, é poder introduzir ocupações para o meu dia-a-dia, trazendo as rotinas que aparentemente proporcionam alguma normalidade à minha vida. Foi o que fiz aquando da doença do meu pai e consequente falecimento assim como no dia 15 de Maio após o diagnóstico do tumor maligno.
Porém, após algum tempo tenho necessidade de reflectir e desabafar sobre o tema.
É estranho...as pessoas procuram não falar no assunto para não me incomodar e como verificam que existe toda a normalidade na minha vida, consideram que o problema foi ultrapassado.
Mas não...considero que a minha vida não mudou, em termos pessoais ou profissionais.
O que o tumor maligno acrescentou à minha vida foram mesmo os medos...o receio de estar novamente doente...Qualquer alteração no meu organismo ou na minha saúde, que anteriormente seria encarada com toda a normalidade, hoje é uma fonte de receios e preocupações...Nós só encaramos a realidade quando somos atingidos por ela... Os últimos meses tornaram-se diferentes porque a perspectiva da minha vida orientou-se para a inquietação de uma possível doença.
Após a excisão e respectiva euforia pensei que o pior já tinha passado...porém o tumor não foi completamente retirado da minha mente ou da minha vida.

sábado, 18 de outubro de 2008

Acerca de mim...

Pelo que vou escrevendo e revelando as pessoas podem ir desvendando a pessoa que se encontra atrás destas linhas.
Em todo o caso, penso que será interessante partilhar a visão que construí sobre a minha pessoa.
Em pequena fui muito mimada e amada por ser a primeira menina na família da minha mãe e a mais nova na família do meu pai. O ambiente em que cresci foi sempre de muito amor e com a nítida certeza, de que para a minha família, eu e o meu irmão éramos o centro do universo. O facto de ter tido graves problemas de saúde, enquanto pequena, fortificou a cobertura protectora. Com 5 anos saí de casa para a escola, conheci um mundo novo e foi no convívio com os outros que comecei a conhecer-me.
Sempre fui muito tímida, nunca conseguindo iniciar uma conversa ou convidar alguém para brincar. Para além da timidez, era uma criança de aspecto banal que não atraía colegas nem professores. Tentei conquistar os outros respondendo sempre às solicitações e estando atenta aos seus problemas para tentar dar-lhes resposta. Esta foi a estratégia de uma criança de 6,7 anos para conquistar os amigos. Na escola tentava estar atenta e cumprir com as tarefas pedidas, dando assim uma imagem mais positiva aos professores da minha pessoa. Sempre gostei muito de ler e recebia muito estimulo em casa para tal, o que foi um factor positivo para a escola. Não gostava e não gosto de ler em voz alta mas os conhecimentos que adquiria, assim como o despertar da imaginação e da criatividade, que a leitura permitia, levava a que desempenhasse algumas tarefas escolares com mais facilidade.
Esta estratégia persiste, actualmente, apesar de nem sempre resultar, como é óbvio. Com os amigos sou naturalmente calada mas bem disposta, continuo observadora e sempre solícita quando vejo que há alguém que necessita de uma amiga.
Nos estudos ou trabalho permanece a minha concentração e o esforço para tentar compreender o que me é explicado ou o que eu devo saber para desempenhar a minha função. Continuo cumpridora e aplicada.
Passados alguns bons anos confesso que a estratégia delineada apenas com 5 ou 6 anos terá sido a que melhor se adapta, ainda à minha vida. E reflectindo mais profundamente, hoje não mudaria nada do que fiz. Temos que ser ambiciosos o quanto basta e ter a noção de até onde podemos ir e eu sei que dificilmente conseguiria melhor do que fiz e do que sou actualmente.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A calma voltou

Estou no final de mais uma semana...esta definitivamente mais calma. O trabalho adensa-se, começo a conhecer melhor os meus adultos/formandos/alunos e vou ganhando a motivação necessária para desenvolver a minha função. O trabalho é completamente diferente do que habitualmente costumo executar, temáticas abordadas, materiais a construir, relação a estabelecer com os alunos. Não deixa de ser aliciante, até porque eu adoro aprender e inovar, mas não significa que não sinta falta daquilo que adoro fazer.
E por falar em sentir falta...sinto falta do sol (ontem esteve o dia todo a chover), do rio e do mar!
Mas como já referi, viver em Marrancos e trabalhar em Braga também tem as suas vantagens, como a paisagem verdejante, ou o ar puro, ou mesmo a beleza patrimonial da cidade de Braga e a simpatia e a forma acolhedora como nos recebem.
Desejo que as estações do ano também auxiliem a minha integração e o Inverno não seja muito rigoroso, sem muita chuva e dias tristonhos.

domingo, 12 de outubro de 2008

Semana difícil

Foi uma semana difícil.
Mas felizmente já foi ultrapassada...Podia ser definida por projecto final versus velocidade de sedimentação. Estranho? Bastante! Começo pela velocidade de sedimentação. Após o susto do tumor maligno, consultei o meu médico de família para realizar a habitual revisão anual. Gosto muito de conversar com o Dr. Parreira. As análises sanguíneas revelaram um nível muito alto da velocidade de sedimentação. Consciencioso, o Dr. Parreira pediu-me para realizar uma radiografia ao torax que não veio a revelar nenhuma anomalia. De seguida, solicitou que realizasse novamente análises ao sangue mas apenas à velocidade de sedimentação, pedindo-me para lhe transmitir o resultado. Na passada 2ª feira, fui buscar os resultados e o valor continuava acima do normal, o que me assustou. Fiquei ainda mais atemorizada quando fiz uma pequena busca na internet e verifiquei que estes valores da velocidade de sedimentação anormalmente elevados poderiam ser indícios de uma anemia ou leucemia. Foi uma noite sem dormir...Sou preocupada mas não me considero hipocondríaca, porém após o basalioma de Maio transacto, mais facilmente emergem ideias negativas e inquietantes. E por mais que eu tente afastar estes pensamentos, a cicatriz que tenho na face, comprova a força da sua existência.
Mas como eu disse tudo se resolveu...logo na 3ª feira a minha "valida" insubstituível, a minha mãe falou com o médico que nos sossegou, dizendo que não havia nada de preocupante na situação. Na 6ª feira, aproveitando a minha ida a Almada, dirigi-me ao consultório do Dr.Parreira que me esclareceu que a anormalidade dos valores da velocidade de sedimentação se devia, provavelmente, a uma infecção dentária que estaria neste momento em regressão. E fez-se luz no meu espírito, efectivamente, na altura em que realizei as análises, por vezes tinha sensibilidade nas gengivas...Ufa, mais um susto mas que felizmente já passou.
Simultaneamente, na mesma 2ª feira, recebi um email do professor que está orientar o meu projecto final da pós-graduação, com as últimas correcções e sugestões. Uma vez que iria a Almada no fim-de-semana, seria uma boa oportunidade para o entregar. Assim durante a semana, após o regresso tardio da escola procurei acabar o trabalho, o que veio acontecer apesar das poucas horas de sono. Embora com alguns percalços, o projecto final está entregue. Fico agradecida à Telma que mais uma vez se mostrou uma grande amiga e à Paula que me acompanhou no processo de impressão, cópias e encadernação. Brevemente será o "desastre" da sua defesa em público.

sábado, 4 de outubro de 2008

Há dias assim...

Há dias assim...na quinta-feira acordei com saudades. Recordei o 8ºB da escola Prof. Ruy Luís Gomes, resolvi usar a pulseira que me ofereceram na nossa última aula...Já estão no 10º ano, devem estar altos, lindos e simpáticos como sempre. Quando verifiquei o meu email, tinha uma mensagem da Ana Sofia, querida colega de Vale de Milhaços. As lágrimas irromperam nos meus olhos...Trocámos notícias dos seus meninos (era directora de turma do 9ºC).
Esta mudança de escola e alunos envolve sempre um grande turbilhão de emoções, a tristeza de partir e deixar colegas e alunos e a ansiedade de um novo lugar de trabalho, com novos alunos e a procura de que tudo corra bem.
Foi um dia triste.
Ontem recuperei forças...estava um dia de sol mas frio...respirei o ar puro e senti-me novamente pronta para enfrentar as dificuldades.
Última palavra vai para todos os meus antigos alunos, quando menciono alguma turma ou aluno em especial, não significa que não me recorde dos outros...Todos deixaram uma marca na minha vida e estarão sempre comigo...mesmo aqueles que me fizeram muitas dores cabeça! E não vou fazer nomeações...