Tinha muito interesse em visitar as Ruínas Romanas na Baixa de Lisboa que tal como foi noticiado estariam abertas ao público durante este fim-de-semana. As galerias, geralmente, estão fechadas ao público, por se encontrarem sempre submersas com cerca de um metro e meio de água. Apenas uma vez por ano é possível descer às galerias, quando se efectua a bombagem da água. Este processo é moroso e se for realizado frequentemente pode danificar o monumento ou os edifícios em redor. O local mais simbólico do conjunto de ruínas é a "Galeria das Nascentes", onde brota do chão água proveniente das correntes freáticas que atravessam os subsolos da Baixa Pombalina. A Galeria das Nascentes é uma estrutura, a cerca de cinco metros abaixo do solo, com aproximadamente doze metros de abobada em pedra e tijoleira. Descoberta durante a reconstrução da cidade, após o grande terramoto de 1755, a estrutura foi alvo de várias teses sobre a sua função original, sendo hoje quase unânime que seria um criptopórtico. Os criptopórticos eram construções abobadadas, adoptadas pelos romanos em terrenos instáveis ou irregulares para criar uma plataforma de suporte a outras edificações, normalmente públicas. As características construtivas, o tipo e os materiais utilizados sugerem uma construção da época de Augusto, entre os séculos I antes de Cristo e I depois de Cristo, contemporânea de outros grandes edifícios públicos da então cidade de Olisipo.
As primeiras notícias sobre um vasto conjunto de galerias no subsolo de Lisboa surgiram em 1771. Em 1859, obras de saneamento permitiram, "pela única vez", observar restos das construções romanas que se erguiam sobre as galerias. As galerias foram apenas abertas para visitas esporádicas de jornalistas e investigadores, iniciadas em 1909, sendo à data conhecidas como "Conservas de Água da Rua da Prata" por serem usadas pela população como cisterna.
Enfrentei chuva torrencial, vento forte e fui até à Baixa Pombalina porém, o meu interesse era partilhado por mais algumas centenas de pessoas a quem o mau tempo não assustou. Fui aconselhado por um agente da autoridade a não aguardar na fila pois não teria possibilidade de fazer a tão desejada visita. Voltei para casa desanimada, tristonha e completamente encharcada. Ainda não foi desta que conheci as ruínas romanas. Quem sabe para o ano?