sábado, 29 de setembro de 2007

Um passeio à Baixa Pombalina

Tinha muito interesse em visitar as Ruínas Romanas na Baixa de Lisboa que tal como foi noticiado estariam abertas ao público durante este fim-de-semana. As galerias, geralmente, estão fechadas ao público, por se encontrarem sempre submersas com cerca de um metro e meio de água. Apenas uma vez por ano é possível descer às galerias, quando se efectua a bombagem da água. Este processo é moroso e se for realizado frequentemente pode danificar o monumento ou os edifícios em redor. O local mais simbólico do conjunto de ruínas é a "Galeria das Nascentes", onde brota do chão água proveniente das correntes freáticas que atravessam os subsolos da Baixa Pombalina. A Galeria das Nascentes é uma estrutura, a cerca de cinco metros abaixo do solo, com aproximadamente doze metros de abobada em pedra e tijoleira. Descoberta durante a reconstrução da cidade, após o grande terramoto de 1755, a estrutura foi alvo de várias teses sobre a sua função original, sendo hoje quase unânime que seria um criptopórtico. Os criptopórticos eram construções abobadadas, adoptadas pelos romanos em terrenos instáveis ou irregulares para criar uma plataforma de suporte a outras edificações, normalmente públicas. As características construtivas, o tipo e os materiais utilizados sugerem uma construção da época de Augusto, entre os séculos I antes de Cristo e I depois de Cristo, contemporânea de outros grandes edifícios públicos da então cidade de Olisipo.
As primeiras notícias sobre um vasto conjunto de galerias no subsolo de Lisboa surgiram em 1771. Em 1859, obras de saneamento permitiram, "pela única vez", observar restos das construções romanas que se erguiam sobre as galerias. As galerias foram apenas abertas para visitas esporádicas de jornalistas e investigadores, iniciadas em 1909, sendo à data conhecidas como "Conservas de Água da Rua da Prata" por serem usadas pela população como cisterna.
Enfrentei chuva torrencial, vento forte e fui até à Baixa Pombalina porém, o meu interesse era partilhado por mais algumas centenas de pessoas a quem o mau tempo não assustou. Fui aconselhado por um agente da autoridade a não aguardar na fila pois não teria possibilidade de fazer a tão desejada visita. Voltei para casa desanimada, tristonha e completamente encharcada. Ainda não foi desta que conheci as ruínas romanas. Quem sabe para o ano?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

De volta

Tenho estado ausente do blog, é verdade! Não é por falta de tempo, nem por excesso de trabalho...é mesmo por falta de vontade de escrever e também por falta de inspiração (problema dos escritores...)!!!No início do ano lectivo sou sempre assim, só penso em construir materiais didácticos, em preparar as aulas, em conhecer os novos alunos, como poderei motivá-los, enfim um sem número de actividades. Felizmente ao longo do ano lectivo, consigo organizar melhor o meu tempo e começo a ocupar-me com outras actividades.
Esta é tembém a altura em que mais penso nos alunos a quem leccionei no ano anterior. Será que sentem a minha falta?A História continua a ser interessante para eles?E o Projecto do 7ºA será que tem continuidade no 8º A? E a minha direcção de turma, como se sentirá sem as repreensões constantes em Formação Cívica? As dúvidas assaltam-me e torturam a minha mente. Gostei muito dos alunos do ano lectivo transacto, provavelmente também me afeiçoarei aos alunos deste ano. Todavia, garanto esta é uma fase complicada para mim.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

O adeus à Escola Professor Ruy Luís Gomes

No dia que fui apresentar-me ao serviço na Escola Básica 2º, 3º ciclo de Vale de Milhaços, resolvi fazer o que vinha adiar constantemente, dizer o adeus definitivo à escola onde desempenhei funções lectivas durante dois anos. E procurei ser breve, porque sentia muita emoção e simultaneamente muita estranheza por em tão curto espaço de tempo ter desenvolvido sentimentos tão genuínos e relações tão afectivas com as pessoas daquela escola. Quando revelei no Conselho Executivo que já me encontrava a trabalhar, vi os olhos a brilharem das professoras que lá se encontravam, que procuraram partilhar a notícia como se de um prémio de lotaria se tratasse. Com a Margarida, minha colega de grupo disciplinar, que se encontrava a trabalhar na sala de professores, a minha voz tremeu de emoção, os meus olhos ficaram repletos de lágrimas de emoção e de tristeza...Tentei auto-convencer e portanto revelei aos colegas, aos alunos, aos funcionários (a doce D. Liliana partilhou comigo numa voz entristecida que gostava muito que eu fosse professora do filho), que voltaria em breve, que o adeus não era para sempre.
Porém...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Vale de Milhaços

Depois de 12 dias de grande tristeza, afinal ainda sou professora. Escola de Vale de Milhaços em Corroios aí vou eu.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Os 3 inseparáveis

Prometi que falaria deste tema...pois promessa cumprida. Não se será a melhor altura, a inspiração é pouca...mas os 3 merecem. Quem são os três inseparáveis?A Andreia, a Farha e o Diogo, alunos do 8º ano, turma B. Esta amizade terá começado no final do ano lectivo 2005/2006 quando ainda frequentavam o 7º ano de escolaridade. É autêntica e verdadeira, pelo menos assim parece, e fez-lhes muito bem. O acanhamento da Andreia diminuiu e ela tornou-se mais sorridente, o Diogo ficou menos inquieto e mais responsável e a Farha perdeu alguma timidez e ganhou confiança. A amizade teve os seus frutos também no que diz respeito aos resultados escolares, na minha disciplina, as suas notas subiram e consolidaram.
Este trio destacou-se, na escola, pela brincadeira constante em que se encontrava nos intervalos e por aguardarem pelos seus professores à porta da sua sala. Alguns professores, como era o meu caso, mas também as professoras de Ciências da Natureza, Matemática ou Física-Química, eram recebidos com um abraço muito carinhoso por parte dos três, tão carinhoso como apertado. E por essa razão tornaram-se conhecidos de todos os docentes, provocando até pequenos ciumes por parte de alguns colegas, por não serem recebidos de forma tão calorosa. Ao que eu respondia: "Eu sou afortunada, sou professora do 8º B"

domingo, 2 de setembro de 2007

A derrota

Uma grande amiga disse-me que se sentia derrotada...como definiu correctamente o que eu sinto. Depois de tanta luta, tantos sacrifícios, de tanto empenho...o caminho chegou ao fim. Está na hora de traçar um novo rumo para a sua vida, é esta a mensagem do Ministério da Educação...Será possível que quem abandonou casa, família, amigos, a sua vida, apenas para poder exercer a profissão que gostava e sonhava para si, é apenas uma candidata a professora?Durante dez anos a precariedade da minha profissão foi aceite ao verificar que gostava de leccionar, que sentia alegria ao exercer as minhas tarefas, portanto os horários e respectivos salários reduzidos tornavam-se insignificantes quando terminava o dia e os "meus meninos" tinham adquirido conhecimentos históricos suficientes para poderem pensar por si, sobre o passado, o presente e o futuro. Desde que no final do período, ou do ano, tivesse conseguido sensibilizar e motivar alguns alunos para o ensino, permitindo o seu crescimento enquanto seres humanos, eu sentia-me afortunada.
Houve momentos de desânimo, em que pensava que a insegurança e as parcas condições não mereceriam o meu esforço...porém o meu pai, permanentemente secundado pela minha mãe, olhando sempre nos meus olhos dizia-me: "ficarás contente se exerceres outra profissão?"A curta experiência noutras áreas levava-me a abanar lentamente a cabeça, ao que ele replicava: "Então luta pela tua felicidade!". E foi sempre com um sorriso nos lábios que prossegui na tentativa de construir a minha carreira docente e tracei o meu rumo profissional.
Hoje, a luta pela felicidade terminou. Aparentemente, as condições foram alteradas e eu e os outros 45000 professores já não somos necessários para o sistema de ensino em Portugal.
Hoje, Pai, precisava que estivesses ao meu lado para me auxiliares a traçar um novo rumo ou a providenciar-me novas armas para continuar a lutar.